Quase um ano depois dos primeiros relatos de assédio sexual e moral contra o professor português Boaventura de Sousa Santos virem à tona, o Coletivo Internacional de Mulheres, que reune vítimas, divulgou carta aberta analisando os resultados da Comissão de Investigação Independente: o padrão de assédio e abuso de poder foi finalmente reconhecido. No início do processo ocorreu a tentativa de silenciamento da ativista indígena Moira Millán que, corajosamente, muito antes da explosão mediática do caso, já havia denunciado o assédio sexual que sofreu por parte de Boaventura de Sousa Santos, mas cuja voz só se fez ouvir com atenção quando se somou às demais denunciantes. Ao trauma do assédio sexual de que foi vítima, juntou-se um processo de silenciamento e re-traumatização, com ataques à sua reputação. Os ataques continuados do agressor e o silenciamento são reveladores da dimensão racista e colonial da violência.