A iniciativa de criar a Universidade Livre Feminista Antirracista surgiu ao percebermos que várias organizações e movimentos feministas se esforçavam para criar e manter programas de formação e atividades educativas, mas enfrentavam dificuldades para sustentar tais projetos. Apesar da dedicação de várias militantes, os orçamentos escassos das entidades e movimentos não permitiam investir em processos educativos capazes de impactar significativamente a qualidade da atuação feminista e a quantidade de pessoas mobilizadas. Nesse contexto, pensou-se em reunir esforços que aumentassem as chances de superar essas dificuldades e ampliar a ação feminista de forma contundente. Nasceu assim a ideia de criar uma universidade - livre, feminista e antirracista -, nos moldes das antigas universidade livres europeias organizadas a partir do final do século XIX por movimentos de trabalhadores e trabalhadoras em luta contra a opressão capitalista. Universidades e espaços educativos de caráter transformador têm sido reorganizados recentemente em vários países com outros nomes e formatos, mas com o mesmo espírito de liberdade e luta contra a opressão. Ao mesmo tempo, a proposta se apresentou como um itinerário de comunhão e reunião de coletivos, movimentos e entidades feministas e uma forma de superarmos os limites de territórios e processos voltados tão somente a poucas feministas e ativistas e olharmos para a vastidão dos territórios das mulheres que não estão organizadas e engajadas em entidades e ativismos vários.