Com exibição de filmes, debates, performances e masterclass gratuitos, Centro MariAntonia da USP promove evento que celebra a conexão de artistas africanos, músicos brasileiros e sua atuação na cena paulistana
O Centro MariAntonia da USP recebe, nos dias 4 e 6 de outubro, o evento Afro-Sampas: diáspora criativa africana em São Paulo, com a exibição de filmes, debates, performances e masterclass. A entrada no evento é gratuita, aberta a todos, sem necessidade de vínculo com a Universidade.
Afro-sampas é resultado do projeto de mesmo nome, fruto de uma pesquisa acadêmica de Rose Satiko Gitirana Hikiji, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, em parceria com o antropólogo e documentarista inglês Jasper Chalcraft, junto a artistas africanos residentes em São Paulo.
“A gente buscou acompanhar os fazeres artísticos e musicais desses imigrantes, refugiados africanos que vieram para o Brasil nos últimos dez anos, e de que maneira eles têm encontrado espaços criativos, espaços de apresentação de seus trabalhos e também espaços de convivência aqui na cidade”, explica Rose. A professora acredita que a mostra será uma oportunidade de participar do encontro entre artistas do Brasil, Congo, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Angola, Togo, entre outros.
“No dia 4, a gente vai tentar falar da nossa trajetória, as conexões, e a gente vai falar de música em si; de fontes de inspiração e como buscar essa inspiração para formação da criatividade e improviso”, conta o músico congolês Yannick Delass sobre o masterclass que fará junto do músico brasileiro Meno Del Picchia. “Vamos falar sobre como as nossas trajetórias musicais diversas, de origens e países diferentes, se comunicam através do som, das harmonias e das melodias”, complementa Del Picchia. Os músicos planejam, ainda, tocar juntos mostrando, na prática, como se estabelecem as conexões culturais entre Brasil e África, no contexto dos imigrantes africanos em São Paulo.
O evento tem o apoio do Departamento de Antropologia da FFLCH e do edital Santander/USP/FUSP de Fomento às Iniciativas de Cultura e Extensão da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Confira a programação:
Quarta-feira, 4 de outubro, 14 horas
Sessão 1 – Masterclass Afro-Sampas
Na masterclass com os músicos Yannick Delass (República Democrática do Congo) e Meno Del Picchia (Brasil), protagonistas do filme Afro-Sampas, aprenderemos sobre a criatividade do músico africano na diáspora, a partir de seus encontros com músicos brasileiros e a atuação na cena paulistana.
Local: sala multiuso – 2º andar – Edifício Rui Barbosa
17 horas
Sessão 2 – Exibição do filme Afro-Sampas, seguida de debate com diretores e protagonistas
Debate: Yannick Delass, Meno Del Picchia, Rose Satiko Gitirana Hikiji e Jasper Chalcraft
Sinopse:
“A presença africana na música brasileira se manifesta de formas diversas. Se, em 1966, Baden Powell “carioquizava” o candomblé com os afro-sambas que compôs com Vinicius de Moraes, meio século depois vivemos um momento inédito com a chegada de músicos de diferentes países africanos à metrópole paulistana. No filme Afro-Sampas observamos o que pode acontecer quando músicos dos dois lados do Atlântico são colocados em contato na cidade onde vivem. Yannick Delass (República Democrática do Congo), Edoh Fiho (Togo), Lenna Bahule (Moçambique) e os brasileiros Ari Colares, Chico Saraiva e Meno del Picchia aceitam nosso convite para um primeiro encontro no qual experimentam sonoridades, memórias e criatividades.”
Local: sala Carlos Reichenbach – 1º andar – Edifício Rui Barbosa
Performance Bagagem, com Shambuyi Wetu (República Democrática do Congo)
“Shambuyi Wetu, artista da República Democrática do Congo refugiado em São Paulo, constrói suas performances narrativas sobre a experiência da diáspora e a situação do homme noir no mundo. O filme Tabuluja é uma criação colaborativa do artista com os antropólogos Rose Satiko Hikiji e Jasper Chalcraft, e integra a coleção Afro-Sampas, série de filmes sobre a experiência de músicos, dançarinos e artistas africanos residentes em São Paulo, desenvolvidos no projeto ‘Ser/Tornar-se africano no Brasil: Fazer musical e patrimônio cultural africano em São Paulo’. O filme, exibido em festivais, conferências e mostras no Brasil, Itália, Inglaterra, Japão, Portugal, entre outros países, foi indicado ao AHRC Research in Film Awards 2017.”
Local: saguão e cinema
17 horas
Sessão 2 – Exibição do filme Woya Hayi Mawe -Para onde vais? e debate com diretores: Rose Satiko Hikiji e Jasper Chalcraft
Sinopse:
Woya hayi mawe: para onde vais? A letra dessa canção ecoa a busca de Lenna Bahule, musicista moçambicana, tanto em sua cidade natal – Maputo – quanto em São Paulo, seu lar adotivo. Do palco às periferias urbanas, vemos como Lenna enfrenta as dificuldades de ser música, mulher e negra no Brasil e em Moçambique. O mundo artístico de São Paulo cobra sua africanidade, suas referências africanas, suas raízes. Já em Moçambique, Lenna é agora conhecida por seu sucesso no Brasil: ela traz algo do poder cultural do Brasil para a cena artística de Maputo. De volta a Moçambique, ela redescobre seu país com novos olhos. Lenna encontra uma inspiradora geração de músicos de Maputo, que ela envolve na produção de um show no Centro Cultural Franco-Moçambicano. Seja nesta importante instituição cultural, seja no sítio de sua avó ou em um projeto social na periferia de Maputo, vemos Lenna e os artivistas de Maputo investigando a música tradicional e popular de Moçambique e descobrindo novas rotas musicais e ativistas. Navegando entre o ativismo e o palco, entre a África imaginada que o Brasil espera encontrar nela, e o cosmopolitismo brasileiro que São Paulo lhe imprime, Lenna descobre – em uma canção tradicional Chopi que viaja – que suas raízes musicais eram ainda mais poderosas do que ela imaginava.
Local: saguão e cinema
Serviço
Afro-Sampas: diáspora criativa africana em São Paulo
Onde | Centro MariAntonia da USP
Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque – São Paulo – próximo à estação Higienópolis do Metrô
Quando | 4 e 6 de outubro, das 14 às 19 horas
Quanto | Gratuito
* Com informações da Assessoria de Comunicação do Centro MariAntonia da USP