Vitória foi sobre a israelense Raz Hershko na final da categoria +78kg
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Publicado em 02/08/2024 - 12:55 Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O esporte brasileiro conquistou a primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Paris 2024, com a vitória da judoca Beatriz Souza sobre a israelense Raz Hershko na final da categoria +78kg feminino.
A vitória foi desenhada logo nos primeiros 30 segundos de luta, quando a brasileira conseguiu um wazari ao derrubar a israelense, em meio a uma tentativa de aplicar um o-soto-gari – varrida por fora da perna da adversária, empurrando-a contra o pé. Com a queda da israelense, a brasileira abriu a pontuação.
Com duas advertências por falta de iniciativa, o combate continuou com a israelense quase aplicando um golpe que poderia igualar o placar, mas Beatriz soube se desvencilhar, evitando tocar o solo com sua lateral ou as costas.
A brasileira, então, se manteve concentrada, administrando a vantagem, com a israelense já demonstrando cansaço.
A vitória colocou o Brasil na 18ª posição no quadro geral, com uma medalha de ouro, três de prata e três de bronze.
Natural de Peruíbe (SP), Beatriz Souza conquistou o primeiro ouro brasileiro nos Jogos Olímpicos de Paris - Reuters/Arlette Bashizi/Proibida reprodução
Atleta do Esporte Clube Pinheiros, de São Paulo, Beatriz Rodrigues de Souza tem 26 anos e ocupa a quinta posição no ranking mundial da categoria +78kg feminino. A judoca é de Peruíbe, município do litoral de São Paulo. Com 1m78 e 135 kg, ela carrega, em seu histórico, duas medalhas de prata e quatro de bronze em campeonatos mundiais.
Conquistou também prata nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, em 2023, no torneio por equipes mistas; e duas de bronze no individual, em Lima (2019) e Santiago (2023).
A campanha de Beatriz Souza até o ouro nos Jogos Olímpicos Paris 2024 inclui quatro vitórias, das quais três sobre medalhistas. Nas oitavas, venceu por ippon (harai-goshi) Izayana Marenco, da Nicarágua.
Nas quartas, obteve vitória por waza-ari (sumi-otoshi) diante de Kim Hayun, da República da Coreia. A semifinal foi contra a francesa Romane Dicko.
Edição: Juliana Andrade
fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/esportes/noticia/2024-08/judoca-brasileira-conquista-o-primeiro-ouro-brasileiro-em-paris
Sem berço de ouro, mas com medalha dourada: Beatriz Souza é um espelho dos negros brasileiros
Numa edição das Olimpíadas em que tanto se tem falado sobre representatividade, o primeiro ouro verde e amarelo, tão sonhado, veio de uma mulher negra
Rio de Janeiro, 2 de agosto. São 12h45, e faz menos de meia hora que o Brasil acabou de assistir, entre lágrimas, à conquista de sua primeira medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. E esse primeiro pódio dourado veio da cabeça, dos braços, das pernas, do coração e da negritude da judoca Beatriz Souza.
Numa edição das Olimpíadas em que tanto se tem falado sobre representatividade, o primeiro ouro verde e amarelo, tão sonhado, veio de uma mulher negra, na categoria acima dos 78kg, numa arena construída a metros do ponto turístico mais conhecido da França, a Torre Eiffel.
Em emocionante entrevista à CazéTV, Beatriz expressou sua emoção pelo fato de ela, uma mulher negra, ter sido a primeira medalhista de ouro do Brasil: “Mulherada, pretas e pretos do mundo todo. É possível! Acreditem! A gente pensa que está pagando muito caro, mas vale a pena quando a gente consegue!”
Em entrevistas à mesma CazéTV e à TV Globo, Beatriz tocou num ponto importantíssimo para todos, em especial para a comunidade negra: a importância da família. Uma sólida base familiar foi e vem sendo fundamental para que ela alcançasse o seu sucesso.
“Eu consegui! Deu certo, mãe! Eu consegui! Eu consegui! Foi pela avó (falecida há dois meses). É para a avó, mãe. Eu amo vocês mais do que tudo. Eu amo vocês”, emocionou-se a judoca ao falar com a família por meio de chamada de vídeo em celular do repórter da Globo.
Criada em Peruíbe, litoral paulista, a agora campeã olímpica começou na modalidade aos sete anos, por ser muito “arteira”. Seus pais, Poseidon e Solange, seu marido, Daniel, e toda a família vibraram intensamente. Segundo a atleta, ela tem os melhores “paitrocinadores” do mundo, pelo apoio dado ao longo de toda sua vida e carreira. Conforme recorda, quando resolveu deixar o litoral para treinar em São Paulo, em busca de um sonho olímpico, a família lhe apoiou e apoia todo o tempo.
Beatriz Souza, mulher negra de 26 anos, que não nasceu em berço de ouro, é um espelho de tantos negros brasileiros, que sem quaisquer privilégios mergulham de cabeça em um sonho e dão a vida por ele. Mesmo não sendo os favoritos, os mais queridos, ou aqueles que são mais prestigiados ou que lideram as bolsas de apostas. Como a própria judoca, não tão badalada ou conhecida quanto outros atletas. Mas Beatriz está lá no topo do pódio, depois de ter calado a arena ao superar a francesa Romane Dicko, número um do mundo nas semifinais, e em seguida, vencer a israelense Raz Hershko na grande final.
Como a própria campeã olímpica afirma, “pretas e pretos do mundo todo, é possível!” Sim, é possível. E Beatriz pode provar isso, assim como a ginasta Rebeca Andrade, dona de quatro medalhas olímpicas em Tóquio-2020 e Paris-2024, e Rayssa Leal, do skate, prata em Tóquio-2020 e bronze agora em Paris-2024. Nesta sexta, 2 de agosto, Beatriz fez história. Ela subiu ao topo do pódio, a bandeira do Brasil esteve na posição de destaque e o Hino Nacional foi tocado em Paris, tudo isso por causa dela.
Beatriz Souza, grande Beatriz, parabéns, o mundo é seu!