Iniciativa desenvolvida pelo Ministério das Mulheres busca envolver toda a sociedade no combate ao feminicídio e todos os tipos de violência contra as mulheres de modo transversal
Ministério das Mulheres Publicado em 26/10/2023
Com ampla presença de representantes do Governo Federal, sociedade civil, empresas e entidades, o Ministério das Mulheres lançou a iniciativa Brasil sem Misoginia, na quarta-feira (25/10), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Segundo a ministra Cida Gonçalves, a ação segue a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tem como objetivo construir igualdade, acabar com o feminicídio e a violência doméstica e sexual em todo o território nacional.
Diante do auditório lotado, Cida Gonçalves frisou que o país não pode mais tolerar que as mulheres continuem sendo mortas, discriminadas e silenciadas e que a misoginia é parte propulsora de todas as formas de violências contra mulheres e das desigualdades entre gêneros.
“Brasil sem Misoginia é um chamado para a construção de um país livre de todas as formas de violência e ódio contra as mulheres, sejam elas das áreas urbanas, do campo, na floresta ou das águas, mulheres negras, indígenas, jovens, idosas, LBTs ou com deficiência. Queremos um Brasil seguro com igualdade de oportunidades e respeito para todas as mulheres”, determinou.
Para Janja Lula da Silva, a iniciativa é um marco no governo atual. Ela frisou que a ação lhe causa alegria e satisfação, mas que o momento é de união para que as mulheres expressem que não aguentam mais violência e misoginia.
“Nós vamos falar e falar muito alto, mas chamaremos a responsabilidade para os homens nessa caminhada. Eles também precisam falar sobre isso. É impossível que hoje, em pleno século 21, ainda temos que olhar no rosto de um homem e pedir que não seja violento, não agrida e não compartilhe absurdos e mentiras nas redes sociais”, reforçou Janja, vítima de ódio e agressões nas plataformas digitais.
Ao todo, mais de 100 instituições e empresas assinaram termo de adesão para contribuir com a ação. Para estimular a iniciativa, tanto o Ministério dos Transportes quanto o Ministério da Cultura também assinaram protocolos de intenção para apresentar a iniciativa às concessionárias, agências reguladoras e empresas públicas ligadas a ambos os ministérios, bem como para mapear ações em curso para o enfrentamento à misoginia.
“Precisamos criar uma estrutura de país em que a palavra é a maior arma. Não existe democracia com arma de fogo. O Brasil precisa encarar sua história e fazer reparações mediante diálogo”, defendeu a ministra da Cultura, Margareth Menezes, em sua fala.
“Essa iniciativa é muito relevante para o Ministério dos Transportes, que parece ser uma área mais fria, menos humana. Por isso eu conversei com a ministra Cida Gonçalves, para inserir cada vez mais mulheres nesse mercado de trabalho, disseminar essa cultura, de defender direitos iguais para as mulheres”, enfatizou Renan Filho, ministro dos Transportes.
Conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado, 1,4 mil mulheres brasileiras foram mortas pelo fato de serem mulheres. Trata-se do maior número registrado desde 2015.
“Estamos diante de um grande desafio que atinge principalmente as mulheres negras. Ainda não alcançamos os espaços para mudar os rumos da história, mas podemos amenizá-la. Estar aqui nessa jornada do Ministério das Mulheres não é fácil, mas estamos juntas para buscar uma prevenção constante para que as mulheres estejam seguras e possam ir onde quiserem”, afirmou a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ).
Apesar de as mulheres representarem 53% do eleitorado, ocupam apenas 17,7% da Câmara dos Deputados e 12,3% do Senado Federal. Nos mandatos de 2021–2024, 58% das prefeitas sofreram assédio ou violência política de gênero por serem mulher. Em 958 cidades nenhuma vereadora foi eleita em 2020. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Censo das Prefeitas Brasileiras, do Instituto Alziras.
Janja acrescentou que as mulheres têm voz ao ocuparem cargos importantes e exatamente por isso são atacadas na Câmara e no Senado. “Precisamos falar com o vizinho de porta, com o grupo de mães no colégio, com chefes e superiores, em todos os espaços precisamos falar e não vamos nos calar”, destacou.
Ao fim do evento, a ministra Cida Gonçalves pediu a todos os presentes que divulgassem a iniciativa Brasil sem Misoginia por meio de um vídeo de 30 segundos para disseminar os objetivos da ação. A intenção é que os participantes usem as redes sociais com a #BrasilSemMisoginia para criar uma mobilização no país com milhões de acessos.
Participaram também do lançamento da iniciativa Brasil sem Misoginia as ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Anielle Franco (Igualdade Racial), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e Nísia Trindade (Saúde); os ministros Renan Filho (Transportes) e Jader Barbalho (Cidades) e a secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior.
O evento contou ainda com a presença da ativista e palestrante Luiza Brunet; do presidente dos Correios, Fabiano Silva; e da Embratur, Marcelo Freixo; além dos governadores do Pará, Helder Barbalho; de Alagoas, Paulo Dantas; do Sergipe, Fábio Mitidieri; e da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão. Mais de 15 secretárias estaduais de Mulheres também compareceram ao lançamento da iniciativa; além de Ana Carolina Quirino e Cláudio Providas, representantes da ONU Mulheres e do PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, respectivamente, ambas apoiadoras da organização do evento. O lançamento da iniciativa Brasil sem Misoginia contou ainda com o apoio da CAIXA e do Governo do Distrito Federal.