Quase lá: Com cultura, CUT quer discutir, reconstruir e democratizar o país

1º Festival da CUT-SP é um dos destaques entre as diversas atividades associadas ao aniversário da Central

 Publicado: 18 Agosto, 2023 - 03h26 | Última modificação: 18 Agosto, 2023 - 09h46

Escrito por: Luiz Carvalho

 TOMAZ SILVA - AGÊNCIA BRASIL

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Dentre as muitas áreas criminalizadas pela extrema-direita durante o último governo de Jair Bolsonaro (PL), o setor da cultura foi um dos mais prejudicados e mais atingidos na disputa por valores familiares e morais, numa visão conservadora de mundo. 

Ciente disso, como parte das celebrações de 40 anos, a CUT decidiu estimular ações culturais articuladas aos congressos estaduais e em nível nacional para demonstrar a importância de o movimento sindical disputar também esse segmento.

Um dos destaques nessa série de iniciativas é o 1° Festival CUT-SP de Culturas e Artes, que será realizado neste domingo (19) – leia mais abaixo. O evento se une a outras iniciativas promovidas pelas CUTs nos estados em meio aos congressos que ocorrem para atualizar a agenda de lutas e escolher as novas direções.

Desde a fundação, em 1983, em São Bernardo do Campo, no Grande ABC, a Central defende a ideia de sindicatos que avancem para além do debate sobre os direitos trabalhistas e discutam a complexidade da vida dos trabalhadores e trabalhadores.

Nesse processo, a arte é fundamental por ajudar a debater e defender a ideia de uma sociedade inclusiva, plural e alicerçada pela participação social autêntica em oposição a ideias e políticas individualistas, restritivas, excludentes, de desigualdade e negação de direitos, conforme aponta o Secretário de Cultura da CUT, José Celestino, o Tino.

Ele lembra ainda que a Central engloba sindicatos de artistas e luta ao lado de trabalhadores e trabalhadoras que fazem a cultura acontecer no país. De acordo com o Observatório Itaú Cultural, havia 7,4 milhões de pessoas em empregos formais e informais no setor em 2022, o equivalente a 7% da população empregada no Brasil.

Porém, a realidade da maior parte é de extrema dificuldade. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2014 e 2018, o percentual de trabalhadores na área cultural com carteira assinada caiu de 45% para 34%, enquanto a informalidade cresceu praticamente na mesma medida.

Tino destaca que esse cenário de precarização demandam a atuação de organizações sindicais para uma luta unificada em defesa de condições dignas de trabalho.

“A cultura atribui valores e defini identidade de classe, é algo fundamental para libertar ou aprisionar em qualquer sociedade. Não foi à toa que no governo do Bolsonaro o Ministério da Cultura virou secretaria dentro da Secretaria de Turismo, destruíram Funarte [Fundação Nacional de Artes], detonaram a Fundação Palmares. É uma estratégia de transformação não levar pessoas a refletir sobre a realidade.”, avalia o dirigente.

Como disse Paulo Freire, é ingenuidade acreditar que elites iriam oferecer educação crítica, libertadora e transformadora para organizar coletivamente as pessoas para que criticassem o que essa mesma elite produz
-  José Celestino (Tino) 


Ressuscitar os investimentos

Além da disputa por concepções, o setor cultural também movimenta uma fatia importante da econômica. Em 2020, a economia da cultura e das indústrias criativas (ECIC) do Brasil foi responsável por gerar mais de R$ 230 bilhões, responsáveis por 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Observatório Itaú Cultural.

Para se ter uma ideia da dimensão, a participação da indústria automobilística no PIB no mesmo período foi de 2,1%.

Em quatro anos o ex-presidente, hoje inelegível, Bolsonaro, usou o setor como uma trincheira ideológica e trabalhou arduamente para combater a diversidade. Foram quase 300 ataques à cultura durante o último governo, segundo dados do Movimento Brasileiro Integrado Pela Liberdade de Expressão Artística (Mobile), que incluíram discursos agressivos contra artistas e desmontes de recursos e atribuições de órgãos ligados à pasta, como a Fundação Nacional de Artes(Funarte), o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Fundação Palmares

Em julho de 2022, o Congresso Nacional atendeu à pressão da CUT e dos movimentos sociais e derrubou os vetos de Bolsonaro às leias Aldir Blanc 2 (PL 1518/21) e a Paulo Gustavo (PLP 73/21), criadas para auxiliar artistas e o setor cultural.

Em 2023, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destinou R$ 3,8 bilhões ao setor cultural, o maior valor da história oriundo da Lei Paulo Gustavo.

Mobilização pela arte

O 1° Festival CUT-SP de Culturas e Artes na capital paulista, que acontece neste sábado (19), das 10h às 22h, na Nave Coletiva do Mídia Ninja (Rua José Bento, 106, no Cambuci – São Paulo), contará com ações como artesanatos, exposições fotográficas e de desenhos e a comercialização de produtos da economia solidária e da cozinha do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

DIVULGAÇÃODivulgação
Festival de Cultura da CUT-SP acontece neste sábado (19)

As manifestações que retratarão e darão visibilidade às reivindicações dos povos indígenas, mulheres e da população negra, estarão representadas em shows e outras artes, mas o encontro vai além.

As mesas de debate tratarão da valorização e articulação a partir dos povos que resistem no país e também abordarão a importância da cultura e dos espaços culturais para transformação do país.

De acordo com o secretário de Cultura da CUT-SP, Carlos Fábio, o Índio, as discussões colocarão em pauta propostas de marcos regulatórios para o setor.

“Será um dia de apresentações e exposições, mas também de muita mobilização e discussões sobre como organizarmos os artistas a partir de uma ideia de movimento cultural de classe e não apenas da concepção da produção de massa”, explica.

Para Tino, ao ouvir e construir propostas junto a uma categoria marcada pela informalidade, a CUT cumpre o papel de atualizar sua frente de luta com grupos que não estão inseridos no mercado formal de trabalho.

“Uma das principais questões que temos discutido é como ir ao encontro desses trabalhadores e trabalhadoras estruturando uma organização. Porque a Central compreende que precisa lutar também ao lado daqueles que estão na informalidade e precisam de organização sindical”, conclui.

fonte: https://www.cut.org.br/noticias/com-cultura-cut-quer-discutir-reconstruir-e-democratizar-o-pais-8bdb

 


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