Além dessa iniciativa, estão sendo lançados concurso de ensaios e outro de ilustrações, um planner temático e uma festa literária
Inspirar a reescritura do Brasil tendo como base obras feitas por um grupo poderoso de mulheres. Essa é a proposta de uma iniciativa lançada pela Editora UnB que vai durar o ano todo. Uma vez por mês, a comunidade acadêmica e o público em geral poderão se reunir em um clube do livro dedicado à produção de escritoras negras de diferentes épocas: da abolicionista Maria Firmina do Reis à jovem poeta Lubi Prates.
Uma das idealizadoras do projeto, Germana Henrique Pereira conta que os nove nomes escolhidos têm potencial para inquietar os participantes das rodas de conversa. "Primeiro, pelo ponto de vista da mulher, que está em uma posição contra-hegemônica no mundo patriarcal. E, sobretudo, pelo ponto de vida da mulher negra, que, dentro dessas relações de poder, está em um lugar mais marginal ainda", explica.
Queremos fazer com que as pessoas saiam com boas perguntas, não com respostas prontas"
Germana Henrique Pereira, diretora da Editora UnB
A também diretora da editora ressalta que "a proposta é entremear discursos", aproveitando o cenário atual de maior abertura ao debate e de resgate da universidade pública. "Queremos fazer com que as pessoas saiam com boas perguntas, não com respostas prontas", diz. Somam-se ao clube de leitura, um concurso de ensaios, outro de ilustrações, um planner temático (foto) e uma festa literária.
Estreia com Carolina
O primeiro encontro acontecerá nesta terça-feira e terá como ponto de partida o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (foto). Em seguida, virão Lubi Prates (Até aqui), Cristiane Sobral (Terra negra), Maria Firmina dos Reis (Úrsula), Sueli Carneiro (Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil), Conceição Evaristo (Ponciá Vicêncio), Beatriz Nascimento (O negro visto por ele mesmo), Cidinha da Silva (Um exu em Nova York) e Lélia Gonzalez (Por um feminismo afro-latino-americano). Especialistas no trabalho das escritoras, incluindo professoras da Universidade de Brasília, participarão das rodas de conversa. Não é necessário inscrição prévia. Basta chegar, às 17h, na Livraria da UnB, que fica no Centro de Vivências 1, campus Darcy Ribeiro, Asa Norte.
Novas produções
Para estimular novos trabalhos inspiradores, a Editora UnB também lançou um concurso de ensaios e outro de ilustrações com o mesmo tema do clube do livro — Pensadoras e autoras negras brasileiras: uma reescritura do Brasil. A seleção dos textos está aberta, até 16 de junho, para funcionários e estudantes de graduação e pós-graduação da universidade. Já o concurso de imagens, cujas inscrições se encerram em 12 de maio, é exclusivo para o corpo discente. Os materiais precisam ser inéditos e vão compor uma coletânea que deve ser lançada no começo do próximo ano. Mas o nome dos vencedores sairá antes: na 1ª Festa do Livro da UnB, prevista para setembro.
Planner
Para não se perder em tantas datas e ter um ano todo motivador, vale apostar no planner elaborado pela editora. A ferramenta está recheada de frases escritas pelas pensadoras do clube do livro. A deste mês é de Cristiane Sobral (foto): "Não vou mais lavar os pratos. Nem vou limpar a poeira dos móveis. Sinto muito. Comecei a ler". No site da editora (www.editora.unb.br), é possível baixar o planner gratuitamente, ver os editais dos concursos e a programação das rodas literárias.
326 
