Material premiado no ano passado no Congresso Brasileiro de Nutrição é resultado de iniciação científica de estudante de graduação; dividido em seis módulos, curso é destinado a profissionais da saúde
Fotomontagem: Jornal da USP – Fotos: PRCEU/USP e Pexels
A Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP acaba de lançar a plataforma Narrativas de peso: o estigma relacionado ao peso corporal e o cuidado em saúde. Em formato totalmente on-line e dividido em seis módulos, o curso pretende instruir, sobretudo profissionais de saúde, em práticas de assistência menos estigmatizantes e mais humanizadas. As aulas já podem ser acessadas pelo sistema Moodle Extensão USP clicando aqui.
Fernanda Baeza Scagliusi – Foto: Arquivo pessoal
A plataforma é resultado de estudos desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa Alimentação e Cultura da FSP, coordenado por Fernanda Baeza Scagliusi, do Departamento de Nutrição. “Creio que o curso é uma entrega para a sociedade de pesquisas que estamos fazendo há algum tempo. Tanto com mulheres classificadas com obesidade, residentes em três territórios de vulnerabilidade social na cidade de Santos, quanto com homens homossexuais que se denominam ‘ursos’ e têm a corpulência como um símbolo de identidade e desejo, entre outros”, explica. “O trabalho também é fruto da cooperação entre o grupo de pesquisa e a bolsa PUB de Ariel Regina e a iniciação científica da Luana Cordeiro. “Trabalhar com a gana, a perspicácia e a coragem das duas, que começaram suas trajetórias de pesquisa já atendendo a agenda pública social, foi extremamente enriquecedor”, acrescenta a docente.
Luana Cordeiro- Foto: Arquivo pessoal
Luana Cordeiro, estudante do quarto ano de Nutrição na FSP, de início, não imaginava as possibilidades que a iniciação científica financiada pela Fapesp poderia trazer, e se surpreendeu com os resultados transformados em um curso de extensão. Para ela, o material educativo reforça as aproximações necessárias que a Universidade precisa construir junto à sociedade. “Nós do grupo de pesquisa não poderíamos falar em lugar das pessoas. Por isso, o curso foi planejado para aproximar da academia as experiências produzidas em seus próprios corpos, procurando compreender como resistem e persistem contra os estigmas impostos pela sociedade.”
Justiça social
Ao todo, são 26 materiais pedagógicos que o curso disponibiliza, em carga horária de 30 horas, gerando certificação ao final. Além disso, foram inseridos diferentes formatos para tornar o aprendizado mais proveitoso e interativo. Há ainda o que os organizadores consideram a parte principal do trabalho: os relatos de pessoas gordas ou obesas, suas vivências e desafios para que a sociedade as enxergue como indivíduos, não reconhecidas apenas pela sua composição corporal.
Curso educativo da USP sobre estigma relacionado ao peso corporal vence Congresso Brasileiro de Nutrição
“Só iremos alcançar os tão almejados princípios de universalização, equidade e integralidade do Sistema Únicos de Saúde quanto toda e qualquer pessoa, independentemente de qualquer condição, tenha acesso digno para suas necessidades de saúde”, afirma Luana. “Afinal, qualquer profissional de saúde deve se enxergar como um agente político, diretamente implicado com a mudança social”, acrescenta.
Leia o resumo do artigo que deu origem ao curso neste link.
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