Seminário promovido pela USP traz tradutoras e doutoras da literatura para discutir a presença feminina no mercado editorial brasileiro
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As primeiras traduções de clássicos no Brasil datam do século 16, mas traduções de mulheres só têm registro a partir de 1930 – Fotomontagem de Jornal da USP com imagens de Reprodução/Mulheres que Traduzem Clássicos e Reprodução/Freepik
O ciclo de webinars Citrat/Letra/Tradusp, realizado pelo Grupo de Estudos em Adaptação e Tradução (Great) da FFLCH em conjunto com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), oferece na próxima sexta-feira, dia 22 de março, das 14 às 16 horas, o evento Mulheres que Traduzem Clássicos no Brasil. O webinar, assim como os demais do ciclo, é promovido no canal do YouTube da FFLCH, em formato aberto, gratuito e sem necessidade de qualquer inscrição prévia.
O intuito do seminário é resgatar nomes de mulheres que já traduziram ou traduzem obras da antiguidade no Brasil, em específico tradutoras do grego antigo e do latim. O foco do debate será o levantamento feito por Adriane da Silva Duarte, uma das palestrantes convidadas, apresentando as precursoras das décadas de 1930 e 40 e sua condição de trabalho; as desbravadoras dos anos 1950 e 1960, a primeira geração oriunda dos cursos universitários de Letras Clássicas; e chegando às doutoras, que atualmente se fazem cada vez mais presentes no mercado editorial.
Além de Adriane Duarte, doutora em Letras Clássicas e professora de Língua e Literatura Grega pela FFLCH, o webinar contará também com a presença das convidadas Maria Fernanda Gárbero, doutora em Literatura Comparada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e professora de Teoria da Literatura da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ); e Renata Cazarini de Freitas, professora de latim e de literatura latina na Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutora em Letras Clássicas pela USP.
Desde a UFF
O seminário é oriundo do simpósio Mulheres que Traduzem Clássicos, que aconteceu em outubro de 2022, em Niterói, na UFF. Tal evento resultou em um dossiê publicado em dezembro de 2023, na revista acadêmica Caderno de Letras, da UFF. O compilado, que compõe o número 67 dos Cadernos, traz uma amostra de testemunhos de tradutoras e pesquisadoras da área dos estudos clássicos. São depoimentos tanto sobre os desafios como sobre as práticas de tradução do grego antigo ou do latim para o português do Brasil.
As palestrantes convidadas fizeram parte tanto do evento citado quanto da iniciativa da criação do dossiê. Maria Fernanda inclusive, no dia do evento, publicou o relato O fio de Ariadne foi lançado. O fio de Ariadne, da mitologia grega, é um termo usado para descrever a resolução de um problema através de uma aplicação exaustiva da lógica por todos os meios disponíveis. A alusão feita por Maria são aos obstáculos que as mulheres são sujeitas a enfrentar para alcançar o destaque e reconhecimento em suas áreas de atuação.
Como diz o trecho da publicação de Maria Fernanda: “entre cadernos, ousadias, desenhos das filhas, amamentação, cuidados de familiares e muitos ‘nãos’ daqueles que se dizem ‘nossos pares’, vamos com e como precursoras, desbravadoras e doutoras em busca do fio de Ariadne capaz de nos tirar do labirinto”.