Quase lá: Indígena do povo Pataxó Hã Hã Hãe é assassinada no sul da Bahia

A vítima foi identificada como Maria de Fátima Muniz, também conhecida como Nega Pataxó. O irmão dela, cacique Nailton Muniz, foi atingido no rim e precisou passar por cirurgia

 

O ataque à indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, ocorreu por disparos de arma de fogo -  (crédito: Reprodução/X/Twitter @celiaxakriaba)
O ataque à indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, ocorreu por disparos de arma de fogo - (crédito: Reprodução/X/Twitter @celiaxakriaba)
Correio Braziliense
postado em 21/01/2024 22:26

Uma indígena do povo Pataxó Hã Hã Hãe foi assassinada e outras pessoas foram feridas no sul da Bahia, neste domingo (21/1) após um após ataque de fazendeiros do grupo autointitulado “Invasão Zero”, na retomada da Fazenda Inhuma, no município de Potiraguá, em área reivindicada pelos Pataxó Hã Hã Hãe como de ocupação tradicional. A informação foi confirmada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

O ataque à indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, ocorreu por disparos de arma de fogo na Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguassu, que se situa nos municípios de Pau Brasil, Camacan e Itaju do Colônia, no sul da Bahia. 

O irmão dela, cacique Nailton Muniz, foi atingido no rim e passou por cirurgia no Hospital Cristo Redentor, em Itapetinga. Entre os feridos está uma mulher que teve o braço quebrado e outros foram hospitalizados, mas não correm risco de morte.

Cerca de 200 ruralistas da região se mobilizaram através de um chamado em grupos de mensagens para recuperar por "meios próprios" a posse da Fazenda Inhuma, que foi ocupada por indígenas no último sábado (20).

Segundo o MPI, dois fazendeiros foram detidos, incluindo o autor dos disparos que atingiram Nega, além de um indígena que portava uma arma artesanal. Segundo a Polícia Militar (PM), um fazendeiro foi ferido com uma flechada no braço, mas está estável.

Nesta segunda-feira (22), uma comitiva do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), liderada pela ministra Sonia Guajajara, embarca para a região.

Por meio do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas, o MPI estava acompanhando o caso desde que recebeu as primeiras informações e está fazendo interlocuções com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), incluindo diretamente a Polícia Federal (PF), com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Secretaria de Segurança da Bahia.

Representantes do Ministério, que estiveram recentemente no sul da Bahia, discutindo questões territoriais com as lideranças Pataxó Hã Hã Hãe, também estão em contato com a Coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia, para garantir o cuidado com os feridos.

fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2024/01/6790584-indigena-do-povo-pataxo-ha-ha-hae-e-assassinada-no-sul-da-bahia.html

21 de janeiro de 2024 Teia dos Povos

 

Fazendeiros ligados a um movimento autodenominado Invasão Zero, acompanhados de policiais e pistoleiros, assassinaram neste domingo a pajé pataxó hã hã hãe Maria de Fátima Muniz Pataxó, a Nega, em Potiraguá, sul da Bahia. O ataque aconteceu em resposta uma ação dos indígenas que reivindicam uma área cuja posse, segundo os pataxó, já foi garantida pela Justiça aos indígenas, mas ainda não teve iniciado o procedimento demarcatório pela Funai.

Além de Maria de Fátima, também o Cacique Nailton Pataxó, uma das mais antigas e respeitadas lideranças indígenas da Bahia, foi baleado na perna e no quadril, mas foi levado às pressas para o hospital, onde passa por cirurgia.

De acordo com os indígenas, todas as entradas da região estão fechadas (os acessos via Itajú do Colônia, via Itapetinga – Cavalo Preto e Palmares -, via Pau Brasil, e via BR 101). “Ta tudo bloqueado pela Polícia Militar junto com milicianos e pistoleiros”, denunciam. “A Polícia Militar, fingindo uma mediação, abriu caminho para que os fazendeiros atacassem pessoas do Povo Pataxó, e os fazendeiros abriram fogo contra os indígenas com a presença, anuência e posteriormente participação da Polícia Militar da Bahia”, afirmam.

Já no meio da tarde, uma sobrinha de Nega e Nailton enviou vários áudios pedindo socorro porque fazendeiros e policiais de Pau Brasil estariam atacando as famílias dentro da própria aldeia. “Tem como vocês entrar em contato com alguém pra pedir socorro, pra mandar a Polícia la para o Rio Pardo na casa do Cacique Nailton. Cacique Nailton ta baleado, minha tia foi baleada e morreu, e o pessoal ta atacando la!”

Governo
Contatada sobre o ataque, a Ouvidoria Agrária Nacional acionou o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), o Ministério da Justiça (MJ), a Secretaria Geral da Presidência e o Ministério dos Direitos Humanos (MDHC), bem como o governo da Bahia, mas até as 16h deste domingo não havia chegado nenhum reforço de proteção à região. De acordo com fontes do governo, em função do envolvimento de policiais envolvidos, o governo estaria tentando deslocar a força nacional para a região.

fonte: https://teiadospovos.org/fazendeiros-assassinam-paje-pataxo-ha-ha-hae-no-sul-da-bahia-e-baleiam-cacique/

Ataque de ruralistas mata indígena da etnia Pataxó Hã-hã-hãe no Sul da Bahia

Ministra Sonia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas, vai a região do conflito agrário nesta segunda-feira (22)

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Ruralistas cercam retomada de indígenas da etnia Pataxó no Sul da Bahia - Reprodução/Redes Sociais

Um ataque de ruralistas provocou a morte de uma indígena da etnia Pataxó Hã-hã-hãe na região Sul da Bahia, no domingo (21). O crime ocorreu no município de Potiraguá, no território indígena Caramuru-Catarina Paraguassu.

Dois fazendeiros foram presos em flagrante por porte ilegal de arma, suspeitos de matar a tiros a indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, conhecida como Nega Pataxó, majé (feminino de pajé) da comunidade.

No ataque, o cacique Nailton Muniz Pataxó também foi baleado, atingido com um bala no rim e submetido a cirurgia. Uma mulher indígena teve o braço quebrado e outras pessoas foram hospitalizadas, mas não correm risco de morte.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou que vai enviar uma comissão, liderada pela ministra Sonia Guajajara, ao local na segunda-feira (22).

Cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens, de acordo com nota do MPI. Estes fazendeiros e comerciantes se organizaram para recuperar, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, retomada por indígenas no último sábado (20).

Conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), o ataque foi promovido por um grupo que denomina 'Movimento Invasão Zero'. A secretaria também determinou o reforço, por tempo indeterminado, do patrulhamento ostensivo na região, que fica próximo a cidade de Itapetinga e Pau Brasil.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) lançou nota condenando o ataque e frisando a importância da demarcação de terras indígenas como forma de solucionar o crescente conflito de terras no país.

"A retomada da fazenda de seu Américo, no território Caramuru, iniciou na madrugada do último sábado (20). A região enfrenta os desmandos de fazendeiros invasores que se dizem proprietários das terras tradicionais e acusam o povo de ser 'falso índio'. A aprovação do marco temporal acentua a intransigência dos invasores, que se sentem autorizados a praticar todo tipo de violência contra as pessoas.", sustenta a associação indígena.

Além dos fazendeiros detidos, um indígena que portava uma arma artesanal também foi preso.

Escalada da violência

Em dezembro, o cacique Lucas Santos Oliveira, de 31 anos, do povo Pataxó Hã-hã-hãe, foi assassinado quando retornava da cidade de Pau Brasil (BA), no extremo sul, para a aldeia Caramuru Catarina Paraguassu. No mês de junho, outro indígena Pataxó, que não teve a identidade revelada, também foi alvo de ataque no território indígena Barra Velha, em Porto Seguro (BA). 

Desde o início dos anos 2000, os Pataxó realizaram várias ações de retomada dessas áreas. De 2009 para cá, ruralistas ingressaram com diversos processos no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) e no Superior Tribunal Federal (STF) contra a demarcação do território. Os processos se baseiam na tese do marco temporal.

 

 

Edição: Vivian Virissimo

fonte: https://www.brasildefato.com.br/2024/01/22/ataque-de-ruralistas-mata-indigena-da-etnia-pataxo-ha-ha-hae-no-sudoeste-da-bahia

 


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