Sebastiana e Rufino eram considerados líderes religiosos e teriam recebido ameaças antes do assassinato. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), nas ameaças, fanáticos diziam que se o casal não parasse com as práticas da religiosidade indígena seriam “queimados vivos”.
Mulher da etnia guarani-kaiowá, identificada como Sebastiana, líder religiosa da aldeia Guassuty e seu marido, identificado apenas como Rufino, foram mortos e tiveram seus corpos carbonizados. As vítimas foram encontradas na manhã desta segunda-feira (18) em Aral Moreira - a 368 quilômetros de Campo Grande.
A Polícia Civil tomou conhecimento do caso e apura as circunstâncias que levaram ao crime. A residência das vítimas ficou completamente destruída com o incêndio.
Conforme o site Ligado na Notícia, a casa onde Sebastiana e Rufino foram encontrados era utilizada para os rituais tradicionais da aldeia.
A ocorrência também foi confirmada pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas). A Polícia Federal também teria sido acionado para acompanhar as investigações.
Uma força-tarefa entre Polícia Civil e Polícia Militar foi montada com o intuito de encontrar o mais rápido possível o suspeito do crime ou até mesmo suspeitos.
Sebastiana e Rufino, casal de rezadores do povo Guarani e Kaiowá, foram encontrados mortos, em meio às cinzas da casa onde moravam, nesta segunda-feira (18/09), na aldeia Guassuty, em Aral Moreira, cidade que fica na linha de fronteira entre Brasil e Paraguai, a 359 km de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Ambos eram considerados líderes religiosos pelo povo, que denuncia o atentado como crime de racismo religioso e resultado do conflito pelo território.
Já a Polícia Civil está investigando o caso como “crime comum”. Segundo eles, um suspeito já foi identificado, seria familiar das vítimas e estaria foragido. Forças da Polícia Militar e da Polícia Civil cercaram a região em busca dele, mas não há maiores informações sobre a investigação. “Estamos com a força policial na região, na entrada da aldeia. Cercamos as estradas e a redondeza para pegar ele”, informou Tonico Benites, coordenador regional da Funai em Ponta Porã.
A comunidade discorda. Sebastiana era chamada de Ñande Sy pelos Guarani e Kaiowá, termo que significa “nossa mãe” em guarani. As imagens da casa mostram o local completamente destruído e os restos mortais carbonizados.
Lideranças locais contam que o casal já havia sofrido ameaças, que se não parassem com as práticas da religiosidade indígena seriam “queimados vivos”. A casa era utilizada como um lugar de rituais e alguns fanáticos religiosos nutriam preconceitos, chamando as práticas de “macumba”. O que demonstra uma dupla discriminação, contra as religiões afro-brasileiras e contra a cultura indígena.
O delegado que investiga o caso, Maurício Vargas, afirmou que “a competência da PF é só na questão de disputa de terra ou em coisas relacionadas à xenofobia”, por isso a Polícia Federal ainda não foi acionada.
A retenção das investigações pela Polícia Civil pode ocultar os verdadeiros motivos do crime, visto que xenofobia pode ser entendida como medo, aversão ou a profunda antipatia em relação a estrangeiros ou ao que é estranho como uma cultura ou religião.
Os departamentos jurídicos da Apib e da Aty Guasu estão acompanhando o caso. Exigimos a investigação minuciosa do crime e que os responsáveis sejam severamente punidos. BASTA DE VIOLÊNCIA!