Quase lá: "A pressão popular muda o processo de decisão", diz a deputada Célia Xakriabá

Deputada falou ao jornal Correio Braziliense sobre a luta pela demarcação de terras indígenas e afirmou que pretende conscientizar a maioria dos parlamentares para a questão indígena e ambiental

Isabel Dourado*
postado em 10/03/2023 03:55 - Correio Braziliense
 
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press)
 

Eleita pelo PSol de Minas Gerais com 101.154 mil votos, a deputada federal Célia Xakriabá coordena a recém-lançada Frente Parlamentar em Defesa dos Povos Indígenas. Uma das principais propostas dela é trabalhar em pautas que agilizem a demarcação dos territórios indígenas, processo que, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, ficou totalmente estagnado. Além de avançar no diálogo com órgãos do Executivo federal, como Funai, Ibama e Instituto Chico Mendes, a deputada pretende conscientizar a maioria dos parlamentares para a questão indígena e ambiental, uma questão, lembra, que transcende partidos. Veja pontos da entrevista concedida ao Correio:

Quais são as pautas mais importantes para serem aprovadas neste primeiro ano de governo Lula?

Uma das pautas principais é o compromisso da demarcação dos territórios indígenas. Nessa casa, tramitam muitos processos que trazem retrocesso nessa questão. Como PL 490, que coloca em risco a demarcação dos territórios indígenas, para o qual existe pedido de tramitação em regime de urgência. O PL aplica a tese do marco temporal dado em um parecer da AGU (Advocacia-Geral da União), em um processo de repercussão geral, relativo ao território indígena Xokleng, em Santa Catarina, que tramita no STF. O parecer diz que somente devem ser reconhecidos territórios indígenas promulgados até a Constituição Federal de 1988. Isso não só permite ao estado reaver territórios indígenas já demarcados, como ameaça outras demarcações.

Há outras prioridades?

Nosso mandato também tem foco na questão ambiental e territorial. Como o caso do rastreamento do ouro, que era um projeto de lei da deputada Joênia Wapichana (Rede-RR). Se a gente não busca essa rastreabilidade, não consegue avançar na política antidesmatamento, antigarimpo, antimineração. Nós também temos como como prioridade a PNGATI (Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial no Território Indígena) que é um decreto antigo da presidente Dilma (Rousseff). Para o ministério e a Funai avançarem numa política efetiva, é preciso que seja lei, porque um decreto pode ser derrubado a qualquer momento.

Como a bancada articula com deputados e senadores a aprovação das pautas indígenas no Congresso?

Temos buscado sensibilizar. A frente parlamentar foi um feito importante. Conseguimos 203 assinaturas na Câmara e no Senado. Quando a gente pega quem assinou a frente parlamentar, vê que é um compromisso além de partidos progressistas. Queremos abrir diálogo sobre questões ambientais e territoriais. Nós, povos indígenas não somos nem 1% da população brasileira. Nós somos 5% da população do mundo e protegemos mais de 80% da biodiversidade. Já foi reconhecido pela ONU que a demarcação dos territórios indígenas significa a solução número um para barrar a crise climática.

Se o marco temporal for aprovado, como ficará a situação?

Nós acreditamos que vai ter muita luta, sobretudo num Congresso que tem pautas de interesse econômico e político diferentes. Com o Executivo, existe a possibilidade de diálogo. Quando nos perguntam como vamos fazer se somos minoria do lado de dentro, eu sempre digo que o poder, pra nós, não é somente os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A luta é o quarto poder. A pressão popular muda o processo de decisão. Acreditamos no nosso poder, na nossa voz de sensibilização aqui dentro e do lado de fora.

*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo

 

fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2023/03/5079264-a-pressao-popular-muda-o-processo-de-decisao-diz-a-deputada-celia-xakriaba.html


Artigos do CFEMEA

Coloque seu email em nossa lista

lia zanotta4
CLIQUE E LEIA:

Lia Zanotta

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres?

ivone gebara religiosas pelos direitos

Nesses tempos de mares conturbados não há calmaria, não há possibilidade de se esconder dos conflitos, de não cair nos abismos das acusações e divisões sobretudo frente a certos problemas que a vida insiste em nos apresentar. O diálogo, a compreensão mútua, a solidariedade real, o amor ao próximo correm o risco de se tornarem palavras vazias sobretudo na boca dos que se julgam seus representantes.

Violência contra as mulheres em dados

Cfemea Perfil Parlamentar

Direitos Sexuais e Reprodutivos

logo ulf4

Logomarca NPNM

Cfemea Perfil Parlamentar

Informe sobre o monitoramento do Congresso Nacional maio-junho 2023

legalizar aborto

...