Pela primeira vez, desde que tiveram os filhos assassinados em 2015, na chacina do Curió, as mães das vítimas foram recebidas pelo chefe do executivo do estado.
A pedido das famílias, Estado garante logística especial de segurança para primeiro julgamento do caso, dia 20 de junho
Pela primeira vez, desde que tiveram os filhos assassinados em 2015, na chacina do Curió, as mães das vítimas foram recebidas pelo chefe do executivo do estado. Em reunião na noite desta quarta-feira (19), o governador Elmano de Freitas (PT) conversou com as famílias, representantes dos Direitos Humanos, do Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) e da Anistia Internacional.
O encontro mexeu com as famílias. Dona Edna Cavalcante, mãe do jovem Álef, assassinado com apenas 17 anos, desabafou. Para ela, a sensação é de alívio, após 8 anos da terceira maior chacina do Ceará. “Você receber um abraço do governador e ouvir ele dizer nós estamos aqui. É um alívio que nos acalenta um pouco, depois de tantos nãos e portas fechadas na nossa cara, mas a gente não sabe o que vai ser daqui pra frente”, conta a cuidadora de idosos que se tornou ativista dos direitos humanos.
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Entre os pedidos das famílias, um foi garantido. Um esquema de segurança para proteger familiares e testemunhas do crime no dia do primeiro julgamento dos réus que está marcado para o dia 20 de junho. De acordo com Nelson Martins, assessor especial da chefia de gabinete do Governo, o Estado irá se reunir com o Tribunal de Justiça para acertar “uma logística de segurança para os familiares, testemunhas, promotores de acusação e defensores públicos envolvidos no caso”.
Nelson Martins também afirmou que o Estado irá se reunir hoje à tarde, com representantes da Secretaria de Saúde, Defensoria Pública e Secretaria dos Direitos Humanos para garantir melhorias e “atendimento psicológico interdisciplinar para as mães das vítimas”. Atendendo outro pedido da família, o Governo também irá estudar uma forma de reparação do estado.
Outra pauta debatida na reunião foi sobre o alto grau de letalidade policial e ainda um pedido de melhorias na Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD), responsável por investigar o crime.
Relembre a Chacina do Curió
Era madrugada do dia 12 de novembro de 2015, quando 11 pessoas foram assassinadas de forma aleatória no bairro Curió. A investigação da Delegacia de Assuntos Internos da CGD concluiu que os assassinatos foram cometidos por policiais militares, em serviço e de folga, para vingar o assalto seguido de morte do soldado Valtemberg Chaves, no dia anterior, na Lagoa Redonda, bairro vizinho ao da chacina. Nenhum dos mortos na chacina tinha envolvimento com os crimes que vitimaram o soldado.
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Na época, 45 policiais foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará. Atualmente, dos 34 PMs denunciados pelos crimes, apenas 8 aguardam em liberdade, pelo julgamento este ano. No primeiro julgamento, dia 20 de junho, quatro policiais sentam no banco dos réus. Também serão ouvidas 20 testemunhas, sendo 7 sobreviventes, 4 testemunhas de acusação e 9 testemunhas de defesa.
Para não esquecerVítimas da Chacina do Curió
Álef Souza Cavalcante, 17 anos
Antônio Alisson Inácio Cardoso, 16 anos
Francisco Elenildo Pereira Chagas, 40 anos
Jardel Lima dos Santos, 17 anos
Jandson Alexandre de Sousa, 19 anos
José Gilvan Pinto Barbosa, 41 anos
Marcelo da Silva Mendes, 17 anos
Patrício João Pinho Leite, 16 anos
Pedro Alcântara Barroso do Nascimento Filho, 18 anos
Renayson Girão da Silva, 17 anos
Valmir Ferreira da Conceição,37 anos.
Violência policial no Ceará
A Rede de Observatórios da Segurança registrou 1238 eventos violentos no Ceará, entre agosto de 2021 e julho de 2022. Destes, mais da metade possuíam relação com ações da polícia. Neste mesmo período, a Rede identificou a ocorrência de 21 chacinas no Ceará cometidas por criminosos, policiais, grupos de extermínio ou milícias. O estado apresentou o maior número de registros de corrupção policial monitorados na região nordeste, com 8 ocorrências.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Camila Garcia