Quase lá: Creuza Oliveira recebe título de Doutor Honoris Causa pela Ufba

Creuza é a primeira trabalhadora doméstica a receber título de doutora honoris causa no Brasil

Publicado sexta-feira, 24 de novembro de 2023 às 21:12 h | Autor: A TARDE
Creuza Oliveira tem trajetória de luta pelas trabalhadoras domésticas
Creuza Oliveira tem trajetória de luta pelas trabalhadoras domésticas - 
 

 

A presidente de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Creuza Oliveira, de 65 anos, recebeu o Título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia (Ufba) nesta sexta-feira, 24. A cerimônia para a entrega da honraria foi realizada na Reitoria da Ufba, em Salvador.

O grupo que preparou o memorial sobre Creuza Oliveira para a análise da concessão do Título foi coordenado pela professora Elisabete Pinto, do Instituto de Psicologia (IPS) da Ufba. Creuza Oliveira é a primeira liderança sindical da categoria das trabalhadoras domésticas a receber essa homenagem na história do Brasil.

Em discurso feito após receber o Título de Doutora Honoris Causa, Creuza, que também é secretária de Formação Sindical e de Estudos do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (Sindoméstico-BA), lembrou da trajetória de luta e dos desafios de representar toda uma classe trabalhadora.

"Quando a gente começou o movimento, era na base datilografia, não existia computador. Quando alguém não sabia datilografar rápido, a gente falava que estava 'catando milho'. É importante a gente não esquecer da nossa caminhada, de quem nos deu a mão. E até daqueles que nos trataram com indiferença. Você pode estar na linha de frente, mas existem outras pessoas que estão apoiando, dando incentivo, que estimula toda uma luta", disse a presidente.

Ela ainda lembrou da trajetória no Movimento Negro Unificado, além do aprendizado gerado pela troca de conhecimento com colegas de sindicato de de academia. Aprendizado que foi essencial para a percepção dos impactos sociais causados pelo racismo presente em diferentes esferas sociais.

"Na questão racial, o Movimento me deu régua e compasso. Eu não tinha  consciência racial. Usava um lenço o tempo todo, só para não mostrar o cabelo, quando ele não era alisado na base do ferro. Tinha vergonha do meu cabelo. Quando comecei a participar do Movimento Negro, junto com o grupo de domésticas, observei falas sobre a questão racial, sobre o motivo da população negra ocupar sempre os piores empregos, os piores lugares. E comecei a perceber as mulheres que foram referência para mim, aquele cabelo crespo, black, que coisa linda. Quando elas levantavam os braços, que não estavam depilados, eu dizia: 'que coisa diferente' [risos]. Mas sabia que tudo aquilo tinha relação comigo", acrescentou Creuza Oliveira.

Luta

Ainda em discurso, Creuza lembrou que passou a fazer parte do grupo de doméstica na década de 80, em reuniões que discutiam os direitos da classe. Em 1986, ela foi uma das fundadoras da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia. No entanto, o reconhecimento enquanto categoria para as mulheres só ocorreu em 1988, com a promulgação da Constituição Federal. Com o novo cenário, quatro depois, ela foi a primeira presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia.

Ela ainda destacou momentos históricos da luta sindical, a exemplo da idealização do Conjunto Habitacional 27 de abril, dado em homenagem ao Dia Nacional das Domésticas. Os 80 prédios do espaço, que foram construídos no Doron, em Salvador, receberam nomes de mulheres e trabalhadoras domésticas.

Creuza Oliveira ainda agradeceu o apoio recebido por colegas de sindicatos, academias e da política, em especial para a aprovação da chamada PEC das Domésticas, que regulamentou o direito das trabalhadoras e trabalhadores domésticos. A PEC completa dez anos em 2023.

Premiações 

Creuza Oliveira recebeu, recentemente, o título de comendadora da Ordem Dois de Julho – Libertadores da Bahia. Além disso, a sindicalista recebeu o Prêmio Revista Cláudia, "Mulheres que fazem a diferença”, em 2003. E o Prêmio Direitos Humanos, da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, em 2003 e em 2011, pela luta contra o trabalho infantil e por igualdade racial. E em 2005 a Ordem do Mérito do Trabalho no Grau de Cavaleira, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi indicada para o Prêmio 1.000 Mulheres para o Nobel da Paz em 2005; recebeu ainda o Troféu Raça Negra da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, no ano de 2013. E a homenagem "Mulheres Guerreiras", da Previdência Social. E no Senado Federal o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, em 2015, dentre outras diferentes honrarias.

fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023-11/creuza-oliveira-recebe-titulo-da-ufba-pela-luta-das-domesticas

 

Baiana é primeira trabalhadora doméstica do país a receber título de doutora honoris causa

Título foi concedido pela UFBA nesta sexta (24)

  • Emilly Oliveira

Publicado em 24/11/2023 às 21:56:30
Creuza Maria Oliveira, 65 anos, recebeu o título da faculdade da Universidade Federal da Bahia

Creuza Maria Oliveira, 65 anos, recebeu o título da faculdade da Universidade Federal da Bahia. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/ CORREIO

A Bahia agora é berço da primeira trabalhadora doméstica doutora honoris causa do país. Nesta sexta-feira (24), Creuza Maria Oliveira, 65 anos, recebeu o título da faculdade da Universidade Federal da Bahia (UFBA) durante uma cerimônia realizada no Salão Nobre da Reitoria da UFBA.

Creuza caminhou até o palco do Salão Nobre sob fortes aplausos das trabalhadoras domésticas, amigos e admiradores que se reuniram para prestigiá-la. O ato da academia é em reconhecimento às contribuições da sindicalista na garantia dos direitos das trabalhadoras domésticas.

O título foi outorgado por volta das 19h30, pelo reitor da UFBA, Paulo Miguez. Novamente, os aplausos tomaram conta do ambiente, somado a cânticos e suspiros de admiração. Nessa hora, o Salão Nobre já estava lotado e Creuza não conseguiu conter a emoção.

Ao descrever a sensação pelo reconhecimento, destaca a parceria das trabalhadoras domésticas sindicalizadas que atuaram com ela. "Estou aqui com companheiras de longas datas que fazem parte da minha história pessoal e da luta, então, isso para mim é muito importante. Não é Creuza que ganha, somos nós, são todas elas", afirma a doutora honoris causa.

Além de presidenta de honra da Fenatrad, Creuza é secretária de Formação Sindical e de Estudos do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (SINDOMÉSTICO/BA) e coordenadora-geral do Instituto 27 de Abril (IEC).

A Secretaria de Promoção da Igualdade Racial de Salvador (Sepromi), ngela Guimarães marcou presença na titulação e destacou a admiração que nutre pela história de Creuza.

"É um dia histórico que essa casa se abre para reconhecer uma trajetória incrível, de superação, enorme referência para todas nós, mulheres negras e a sociedade como um todo [...] é um momento de grande importância porque concede a mais nobre honraria dessa casa a uma mulher de trajetória ilibada", destaca ngela.

O grupo que preparou o memorial sobre Creuza para a análise da concessão do Título foi coordenado pela professora Elisabete Pinto, do Instituto de Psicologia (IPS) da UFBA.

Trajetória

Uma das mais importantes líderes na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas, Creuza nasceu em Salvador, mas foi registrada em Santo Amaro. Durante os anos de sindicalismo, tornou-se uma das fundadoras da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia. Atualmente está aposentada e não tem filhos.

A atuação de Creuza e de outras pioneiras na luta pela valorização do trabalho doméstico foi essencial para a construção da PEC das Domésticas, que regulamentou o direito dessas trabalhadoras. Este ano, a Emenda Constitucional completou dez anos.

A sindicalista também foi uma das idealizadoras do Conjunto Habitacional 27 de abril, nome alusivo ao Dia Nacional das Domésticas. A moradia fica no bairro do Doron, em Salvador, com apartamentos exclusivos para mulheres e trabalhadoras domésticas.

Creuza recebeu, recentemente, o título de comendadora da Ordem Dois de Julho – Libertadores da Bahia. Além disso, a sindicalista recebeu o Prêmio Revista Cláudia, "Mulheres que fazem a diferença”, em 2003; o Prêmio Direitos Humanos, da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, em 2003 e em 2011, pela luta contra o trabalho infantil e por igualdade racial; e em 2005 recebeu a Ordem do Mérito do Trabalho no Grau de Cavaleira, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi indicada para o Prêmio 1.000 Mulheres para o Nobel da Paz em 2005; recebeu ainda o Troféu Raça Negra da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, no ano de 2013; e a homenagem "Mulheres Guerreiras", da Previdência Social. No Senado Federal, recebeu o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, em 2015, dentre outras diversas honrarias.

fonte: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/baiana-e-primeira-trabalhadora-domestica-do-pais-a-receber-titulo-de-doutora-honoris-causa-1123


Conheça a trabalhadora doméstica que ganhou título de Doutora pela Ufba

Creuza Maria de Oliveira, 65 anos, escreveu seu nome no livro do ineditismo

  • Emilly Oliveira

Publicado em 25/11/2023 às 07:00:00 - Correio 24 horas
Creuza Maria de Oliveira, 65 anos, escreveu seu nome no livro do ineditismo
Creuza Maria de Oliveira, 65 anos, escreveu seu nome no livro do ineditismo . Crédito: Ana Lucia Albuquerque/ CORREIO
 

Com uma trajetória de resistência e conquista na pauta do trabalho doméstico, a baiana Creuza Maria de Oliveira, 65 anos, escreveu o seu nome no livro do ineditismo ao se tornar a primeira trabalhadora doméstica do Brasil a receber o título de doutora honoris causa. Sem ter completado o ensino médio, o caminho que a levou até esse momento foi forjado com a conquista de direitos.

Em 1992, Creuza ajudou a fundar e foi a primeira presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia; foi uma das idealizadoras do Conjunto Habitacional 27 de abril, em Salvador, exclusivamente para as trabalhadoras domésticas baianas, inaugurado em 2012; e batalhou pela conquista da Pec das Domésticas, aprovada em 2013.

A trajetória da sindicalista no trabalho doméstico começou quando ela tinha 9 anos. Embora tenha nascido na capital baiana, como irmã de oito filhos, morava no município de Santo Amaro, e foi registrada lá, aos 15 anos, com o intuito de se matricular em uma escola de Salvador. O retorno à capital baiana aconteceu após a perda do pai dela, aos 5 anos, e da mãe, aos 12.

Em Salvador, Creuza continuou no trabalho doméstico e, aos poucos, engajou-se na luta pelos direitos da categoria, integrando-se a um grupo de pessoas que se reuniam para discutir os direitos dos trabalhadores domésticos, duas vezes por mês. Os termos "empregada doméstica" e "casas de família" eram constantemente questionados pela ativista.

Para ajudar a fundar o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia, em 1992, Creuza precisou ajudar a fundar, primeiro, a Associação das Empregadas Domésticas da Bahia. Na época, foi criada a associação porque a categoria ainda não era reconhecida. Portanto, não poderia ter um sindicato.

Só após a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi garantido o direito da categoria como sindicado. Quatro anos depois, a ativista ajudou a fundar e foi a primeira presidente do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia. Acontecimento que Creuza classifica como um marco.

“A Constituição de 88 foi um momento muito importante, porque antes nós não tínhamos salários, direito à folga, nem aos domingos, porque a lei não deixava claro. Além disso, eu estava começando na luta sindical”, afirma Creuza, que é ativista há cerca de 40 anos.

Hoje, já aposentada e sem filhos, Creuza é presidenta de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad); secretária de Formação Sindical e de Estudos do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (SINDOMÉSTICO/BA); e coordenadora-geral do Instituto 27 de Abril (IEC).

Doutora Honoris

Creuza recebeu o título da Universidade Federal da Bahia (UFBA) durante uma cerimônia realizada no Salão Nobre da Reitoria da UFBA, na última sexta-feira (24). O título foi outorgado por volta das 19h30, pelo reitor da UFBA, Paulo Miguez. Aplausos tomaram conta do ambiente, somado a cânticos e suspiros de admiração. Nessa hora, o Salão Nobre já estava lotado e Creuza não conseguiu conter a emoção.

Com outros títulos na estante, Creuza descreve o de doutora honoris causa como especial pelo reconhecimento vindo da academia. “É essencial que a academia reconheça a luta das trabalhadoras domésticas no Brasil e no mundo, especialmente no Brasil, que a luta começou na década de 30 e ainda nos resta muito a enfrentar”, afirma Creuza.

Premiação

Creuza recebeu, recentemente, o título de comendadora da Ordem Dois de Julho – Libertadores da Bahia. Além disso, a sindicalista recebeu o Prêmio Revista Cláudia, "Mulheres que fazem a diferença”, em 2003; o Prêmio Direitos Humanos, da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, em 2003 e em 2011, pela luta contra o trabalho infantil e por igualdade racial; e em 2005 recebeu a Ordem do Mérito do Trabalho no Grau de Cavaleira, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foi indicada para o Prêmio 1.000 Mulheres para o Nobel da Paz em 2005; recebeu ainda o Troféu Raça Negra da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo, no ano de 2013; e a homenagem "Mulheres Guerreiras", da Previdência Social. No Senado Federal, recebeu o Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, em 2015, dentre outras diversas honrarias.

Com orientação de Monique Lôbo

fonte: https://www.correio24horas.com.br/minha-bahia/conheca-a-trabalhadora-domestica-que-ganhou-titulo-de-doutora-pela-ufba-1123


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