O Coletivo das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive 2, no Paraná, produzem alimentos agroecológicos para se fortalecerem
Por Barbara Zem, Setor de Comunicação e Cultura do MST PR
Da Página do MST
Com o aumento das produções em seus quintais, as mulheres camponesas do assentamento Eli Vive 2 sentiram a necessidade de criar um coletivo onde poderiam, além de trocar ideias sobre plantio e colheita, se unir para gerar renda e empoderamento em uma área que sempre foi majoritariamente liderada por homens.
O coletivo foi criado em 2016 e ganhou o nome de Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive 2 (AMCEV), em Londrina, norte do Paraná. Sandra Ferrer é uma das fundadoras da Associação e integrante da coordenação estadual do MST no Paraná.
“Além de nos alimentar com qualidade, porque tínhamos bastante produção de verduras saudáveis nos nossos quintais, trabalhando com a agroecologia e com o orgânico, o coletivo surgiu da necessidade das companheiras terem uma renda, uma independência, uma estrutura melhor no lote”, comentou.
Depois que se organizaram como coletivo perceberam que era necessário realizar processos de comercialização e através de uma parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL) criaram o projeto “Sacolas Camponesas”, que durou dois anos. Com a parceria o coletivo se especializou, avançando na produção de alimentos agroecológicos, livres de agrotóxicos, com geração de renda e comercialização de alimentos saudáveis.
Com o passar do tempo a quantidade de alimentos que produziam foi crescendo cada vez mais e surgiu a necessidade de conseguir um transporte para levar todos esses produtos para as feiras. Depois de muito esforço e trabalho compraram uma kombi, que passava toda semana nos lotes coletando os alimentos para vender as sacolas agroecológicas. Hoje já é possível realizar entregas em mais pontos de Londrina, atendendo mais fregueses e fidelizando os mesmos.
A comprovação de que o trabalho está dando frutos e crescendo ainda mais é de que hoje o assentamento possui uma padaria regularizada e equipada, também coordenada pelo coletivo. As entregas, tanto de hortaliças como de panificados, são feitas através do PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar e do PAA – Programa de Aquisição de Alimentos.
“Estamos em 15 mulheres e na resistência, pois não é fácil trabalhar coletivamente. Cada uma produz no seu lote, comercializamos coletivamente e os trabalhos são divididos em equipes, juntamente com as companheiras que compõem esse coletivo”, ressaltou Ferrer.
Nova formação do coletivo
O coletivo ganhou tanta repercussão que as companheiras do Eli Vive 1 também vão fazer parte da Associação. São 12 mulheres que estão liderando coletivamente uma padaria no assentamento, que também está equipada para atender não só o assentamento, mas os distritos entorno, o PNAE e o PAA.
Além das mulheres dos coletivos, que produzem hortaliças, frutas, grãos e panificação, há também aquelas que trabalham e entregam suas produções por conta própria no CEASA e nas feiras.
Feiras
Sandra Ferrer comenta que nos dias das feiras as mulheres do coletivo se reúnem no barracão da comunidade para separar os produtos que vão nas Sacolas Camponesas para serem entregues aos sábados, e o restante colocam tudo no caminhão de maneira organizada para ir para as feiras.
Para fazer as entregas das sacolas e o atendimento nas feiras, as mulheres se dividem em turnos, pois além dessa tarefa também cuidam da casa e da roça.
O coletivo separa um dia na semana para a produção da padaria, tudo o que é produzido também é vendido nas feiras. Agora elas esperam que o município libere a produção da panificação para a merenda escolar, aí a rotina vai mudar, pois serão produzidos pães, bolachas e bolos em maior quantidade.
Menção Honrosa no Prêmio “Espanha Reconhece – Mulheres Rurais”
Ano passado a Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive (AMCEV), recebeu menção honrosa no Prêmio “Espanha Reconhece – Mulheres Rurais”, que tem como objetivo visibilizar as experiências coletivas mais relevantes apresentadas por mulheres rurais – pescadoras, agricultoras, quilombolas ou extrativistas. A iniciativa é desenvolvida pelo Escritório da Agricultura da Embaixada, em parceria com a ONU Mulheres e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
“Foi uma menção honrosa que as companheiras realmente mereceram, foi uma festa. Foi em tempo de pandemia, então não tinha como ir presencial, não tinha como ir todo o coletivo, e nós ficamos no online, prestigiando ao vivo. Foi muito bom ver a embaixadora da Espanha falar do nosso coletivo, aqui no assentamento Eli Vive. Foi assim, um orgulho muito grande para nós!”, finalizou, emocionada, Sandra Ferrer.
*Editado por Maria Silva
fonte: https://mst.org.br/2023/07/13/mulheres-camponesas-ganham-reconhecimento-com-a-agricultura-familiar/