Semanalmente, discentes de graduação em fonoaudiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte guiam os atendimentos no laboratório. O tratamento com os participantes é um processo terapêutico, com exercícios específicos, adaptados de acordo com as queixas pessoais e com os resultados da avaliação inicial realizada no LaVoz.
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por Jerusa Vieira - Extensão.com-Agecom/UFRN
A terapia hormonal oferecida para transgêneros, especialmente no caso de mulheres trans ou travestis, não traz efeitos de modificação das características vocais, o que faz com que essas pessoas não se identifiquem com sua voz. Para auxiliá-los nesse processo, surge o projeto de extensão Assistência vocal e comunicativa em indivíduos transgêneros, realizado no Laboratório de Funções Laríngeas e Voz (LaVoz), localizado no Centro de Ciências da Saúde (CCS). A equipe oferece atendimento fonoaudiológico humanizado voltado para a necessidade pessoal de cada assistido.
Semanalmente, discentes de graduação em fonoaudiologia guiam os atendimentos no laboratório. O tratamento com os participantes é um processo terapêutico, com exercícios específicos, adaptados de acordo com as queixas pessoais e com os resultados da avaliação inicial realizada no LaVoz. As sessões são supervisionadas pela coordenadora do projeto, Juliana Godoy, também professora adjunta do departamento de Fonoaudiologia.
Akira Lima é uma das graduandas integrantes do projeto e, também, é trans não-binária. A aluna realiza atendimentos e recebe feedbacks positivos dos assistidos ao perceberem mudança na voz e na comunicação. “A voz pode ser um indicativo de transgeneridade, que é quando a voz pode dar a entender que aquela é uma pessoa trans ou travesti. Existe problema de as pessoas saberem? Não. Mas o que acontece é situações de preconceito, além de causar disforia, depressão e ansiedade nesses indivíduos”, explica Akira. De acordo com a jovem, dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) mostram que a média de vida de transgêneros no Brasil é de 35 anos, devido aos episódios de transfobia sofridos por eles.
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Os frutos do projeto emocionam Akira. Uma das atendidas pela discente reconhece mudanças consideradas positivas na voz, notadas, inclusive, por pessoas externas quando elogiam a diferença. “Segundo ela, esses elogios a deixaram mais à vontade para conversar. Então vemos que o nosso trabalho rende frutos e está, de fato, ajudando. O que eu, Akira, faço pode ser pequeno, mas isso significa muito para outras pessoas”, destaca a universitária.
Não é fácil o acesso da comunidade a recursos que possam melhorar sua qualidade de vida, como serviços de saúde. Geralmente, os procedimentos médicos possuem valor pouco acessível, além de relatos transfóbicos durante os atendimentos. Por isso, a assistência universitária, por meio da extensão, acolhe esses indivíduos e realiza o tratamento gratuitamente. O projeto atende cerca de 15 pessoas por ano e, atualmente, conta com cinco participantes em processo de atendimento.
Para quem tem interesse, é possível participar entrando em contato pelo e-mail:
fonte: https://www.ufrn.br/imprensa/materias-especiais/73869/transformando-vozes