Ministra lançou edital para fortalecimento de Organizações da Sociedade Civil atuantes no combate ao racismo
Presença da ministra faz parte da programação de comemoração do Julho das Mulheres Negras - Foto: Rafaela Ferreira
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, esteve presente no encontro com mulheres negras, nesta sexta-feira (12), na Casa Akotirene, quilombo urbano localizado em Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal. A presença da ministra faz parte da programação em comemoração do Julho das Mulheres Negras, mês em celebração da mulher negra latino-americana e caribenha.
"O Julho das Pretas é um mês de trabalho e de luta. É um mês importante que sempre significou o tamanho da nossa missão. Estar aqui hoje com várias pessoas que lutam diariamente por um mundo melhor faz todo sentido", disse Anielle.
Para a diretora-presidente da Casa Akotirene, Joice Marques, o Julho das Pretas representa uma agenda para intensificar o debate sobre questões raciais, além pensar nos avanços conquistados pelas mulheres negras. "O mês também é para pensar estratégias de como podemos avançar ainda mais em nossas pautas e de como vamos conseguir ultrapassar a barreira do racismo, que dificulta tanto o nosso avanço em várias perspectivas", destaca Joice.
Ela explica que, além do Julho das Pretas, a presença da ministra também se relaciona com o encontro do quilombo urbano. "É um encontro de tudo que temos desenvolvido junto à nossa comunidade, porque sem ela não conseguiríamos fazer esse trabalho na Casa Akotirene. Por isso, enquanto quilombo urbano, temos uma grande alegria em ver as coisas acontecendo", afirma a diretora.
Na manhã desta sexta-feira, a ministra também detalhou sobre o edital de fortalecimento de Organizações da Sociedade Civil atuantes no combate ao racismo e pela justiça social, com um investimento de R$ 1,6 milhão. O edital será publicado ainda esse mês pelo Ministério da Igualdade Racial.
A agenda também incluiu uma roda de conversa para escuta e troca de experiências com a comunidade e com as mulheres que realizam os cursos gratuitos de informática, capacitação profissional, serviços, oficinas de estética e cultura afro-brasileira que a casa oferece.
Na ocasião, Anielle destacou a felicidade em perceber que o trabalho do Ministério está chegando a lugares "onde precisa chegar". "Temos dito e repetido que não vamos fazer política dentro do gabinete. Isso aqui é uma prova disso. Estamos com o povo, com as periferias, favelas e quilombos, onde a gente precisa estar para que possamos não apenas contemplar, apoiar e incentivar organizações, mas também a Ceilândia, um lugar de acolhimento", disse a ministra.
Em Ceilândia, uma Casa de resistência
O evento foi realizado na Casa Akotirene, espaço definido como um quilombo urbano idealizado por mulheres negras do coletivo Afromanas. Criada em 2019, a casa trabalha com valores de acolhimento e pertencimento da comunidade e oferta serviços de acompanhamento psicológico e jurídico para aproximadamente 150 famílias.
"A Casa Akotirene tem muito a falar de resistência, ressignificados, das nossas lutas e dores", disse Anielle.
Para Joice, é fundamental que as pessoas acreditem no trabalho realizado no quilombo urbano. Ela destaca o trabalho coletivo e que, quanto mais pessoas envolvidas e quanto mais apoio, mais a Casa vai conseguir impactar a sociedade, além de chegar em muito mais pessoas. "O mais importante mesmo é poder fazer essa ponte entre ela [Anielle] e as mulheres da comunidade", destaca a diretora-presidente.
Também presente no evento, a deputada federal Érika Kokay (PT) reforçou o espaço como um ponto de expressão cultural, resistência e construção da população negra. "Aqui é um quilombo em sua essência: na busca pela liberdade, para construímos nossos territórios. Aqui, é um ponto de construção de tranças para que a gente possa construir as trincheiras de proteção da vida."
Na ocasião, também estiveram presentes os deputados distritais Max Maciel (PSOL) e Chico Vigilante (PT). Os parlamentares destacaram a importância da presença da ministra na Casa Akotirene, já que Ceilândia enfrenta um problema de ausência de casas culturais.
Maciel destaca que, apesar dessa ausência, a organização sempre esteve presente na região administrativa. "A Ceilândia é uma potencia viva”, disse.
“A Ceilândia é um lugar que ainda sofre com a discriminação. Não se podia dizer que morava na Ceilândia se quisesse trabalhar em Brasília. Portanto, ter a ministra aqui nos ajuda muito, especialmente com todo trabalho social que ela faz com as mulheres”, afirma o deputado Chico Vigilante.
Lançamento do edital
Nesta sexta-feira, a ministra detalhou que o edital vai contemplar 20 organizações, com R$ 80 mil cada. A iniciativa visa entidades que trabalham com empreendedorismo e combate ao racismo para pensar cada vez mais em transversalizar a pauta da igualdade racial.
O edital também vai selecionar organizações que trabalham no acolhimento de vítimas de crimes raciais e na incidência internacional em mecanismos multilaterais para promoção de justiça racial.
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Edição: Márcia Silva