Geledés, presente na Conferência do Clima, insere os termos em documentos da cúpula referentes aos objetivos globais de adaptação, gênero e mudança climática
A participação de Geledés – Instituto da Mulher Negra na Conferência de Bonn de 2024 (SB 60), que se encerrou na última quinta-feira 13, foi relevante, como avaliam os participantes da organização no evento.
“É um espaço mais acessível para se estabelecer diálogo com as diplomacias e a sociedade civil global, o que potencializou nossa incidência. Para nós, de Geledés, foi especialmente importante, pois tivemos como resultado a inclusão da palavra raça em dois documentos de agendas muito expressivas: objetivos globais de adaptação e gênero. Portanto, Bonn nos possibilitou pavimentar um caminho mais consistente até a COP29”, afirmou a assessora da área Internacional de Geledés, Letícia Leobet.
Em um período de dez dias, representantes de 194 países debateram na Alemanha uma série de temas, como mercado de carbono, mitigação e transição justa. Mas certamente o ponto central do debate da cúpula foi o financiamento climático, como explica Letícia, ao dizer que ele “permeou todas as discussões”.
A chamada “Nova Meta Quantificada Coletiva” (NCQG, na sigla em inglês) encontra-se no epicentro da principal agenda da COP29, que acontecerá em novembro, em Baku, no Azerbaijão. Essa meta tem como objetivo determinar as cifras a serem recebidas pelos países em desenvolvimento para que possam executar a transição climática.
Neste sentido, a Conferência de Bonn foi travada por falta de entendimento entre os países participantes na questão do financiamento climático, o que certamente acabou impactando em outras agendas, como explica Letícia. “Tanto em relação ao financiamento, como em relação à transição justa, nada foi resolvido. Há uma letargia em relação aos novos compromissos, como por exemplo, em relação aos países desenvolvidos que não querem se responsabilizar”, disse ela.
Frente à essa falta de resolutividade na agenda de financiamento, Geledés estrategicamente se concentrou em influenciar as discussões sobre adaptação e gênero, por meio de inclusão de linguagem. “Raça entrou em dois documentos relevantes. A importância disso se realiza tanto pela oportunidade de que o termo seja pactuado no documento final em Baku, garantindo que os dados sejam desagregados, quanto em relação aos objetivos globais de adaptação, de maneira a influenciar os indicadores. O mesmo se deu também na agenda de gênero para que os critérios operativos sejam definidos, baseando-se no princípio de interseccionalidade”, conclui Letícia.
fonte: https://www.geledes.org.br/raca-e-genero-sao-abordados-em-documentos-da-conferencia-de-bonn/