As militantes defendem maior participação tanto na política institucional quanto nas políticas imediatas
Feministas protestaram em Natal, capital potiguar, na terça-feira (9) durante encontro nacional da Marcha Mundial das Mulheres - MMM/Divulgação
Como resultado do 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) 'Nalu Faria', que aconteceu entre sábado (6) e terça-feira (9), em Natal (RN), feministas publicaram uma declaração destacando a importância do feminismo como uma construção cotidiana e da diversidade do movimento.
"Estamos organizadas em um feminismo popular que é forte porque se constrói no cotidiano com uma agenda política que nos organiza e nos mobiliza, um feminismo em que cabemos todas", cita o documento, enumerando a diversidade das mulheres no movimento, que inclui trabalhadoras do campo e da cidade, negras, lésbicas e bissexuais, jovens, transsexuais, quilombolas, indígenas, sindicalistas, idosas e com deficiência.
O movimento ressalta ainda a importância do feminismo na resistência ao fascismo e na construção do socialismo, com destaque para o enfrentamento ao bolsonarismo e vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. "Estamos convencidas de que a força feminista organizada é capaz de impor derrotas à extrema direita, como as recentes mobilizações que interromperam a tramitação do PL 1904", destaca o documento, em referência ao Projeto de Lei do Aborto, que levou milhares de mulheres às ruas em todo o país.
O documento ressalta ainda a luta tanto por uma maior representatividade na política institucional quanto na influência em políticas imediatas, incluindo a Política Nacional de Cuidado e o rompimento da divisão sexual e racial do trabalho. "Queremos mudar o mundo mudando a vida das mulheres e nossa estratégia para isso é a auto-organização em cada lugar em que vivemos, trabalhamos e atuamos", cita o documento.
Nesse sentido, são pontuadas as lutas pelos territórios, contra os agrotóxicos e a lógica da indústria farmacêutica, em direção a uma economia feminista e à reforma agrária. "As mulheres constroem alternativas concretas em seus territórios, com seus saberes, tecnologias livres e formas de comunicação popular", diz o texto. "Hortas comunitárias, lavanderias coletivas, economia solidária e agroecologia costuram outras formas de relação entre as pessoas e a natureza."
Mais de mil feministas de 24 estados participaram do evento sob o mote "Derrubar esse sistema com força e rebeldia, organizar as mulheres sem perder a ousadia: sonhar e lutar como Nalu Faria". A militante feminista, coordenadora da MMA, teve papel essencial na articulação pelos direitos das mulheres no Brasil e faleceu em 2023.
A marcha em Natal foi construída em parceria com outras organizações populares, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) e a Central de Movimentos Populares (CMP).
"Como movimento popular, assumimos o desafio de fincar os pés em cada município, vilarejo, comunidade e assentamento. E de organizar um movimento massivo de mulheres para que o feminismo seja um lugar de cuidado, afeto e, principalmente, de luta", frisa o texto, concluindo que as mulheres seguirão em marcha até que a liberdade de todas seja alcançada.
Edição: Nathallia Fonseca