Movimento de Mulheres Camponesas- As nossas lutas, nossos processos de organização e formação estão sintetizados no Feminismo Camponês Popular.
As nossas lutas, nossos processos de organização e formação estão sintetizados no Feminismo Camponês Popular. Nós o construímos e o enriquecemos todos os dias, como fazemos também a história, não nas condições que queremos, mas nas condições que encontramos, lutando pela libertação das mulheres. São lutas diversas, porque diversas são as camponesas no Brasil e ainda mais na América Latina e Caribe.
Para nós do MMC, a nossa história é parte do Feminismo Camponês Popular, não apenas porque estamos na Coordenação Latino Americana de Organizações do Campo (CLOC)/ La Via Campesina e lá temos um papel forte no debate do feminismo, mas porque esse é o termo que juntas construímos para mostrar que a luta das camponesas, muitas vezes entendida como luta geral do campesinato, tem, sim, uma perspectiva FEMINISTA, pois é necessariamente anti-patriarcal, anti-rascista e anti-capitalista.
As camponesas da América Latina e Caribe se reúnem e fazem o debate desde antes da Campanha Continental de 500 anos de resistência Indígena, Camponesa, Negra e Popular, uma campanha que fortaleceu a aliança camponesa na região, dando origem à CLOC/LVC.
Na CLOC/LVC, as mulheres contam com o processo consolidado de organização, a partir das Assembleias de Mulheres, da Articulação de Mulheres e das Escolas de Mulheres Lideranças. Esse processo possibilitou às camponesas reconhecer sua luta como parte da luta feminista, mas também percebem que é necessário especificar de qual feminismo falamos a partir do campo, das águas e das florestas.
O Feminismo Camponês Popular é experiência concreta de luta, resistência aos ataques imperialistas contra nossos povos, é proposta de mudança estrutural da sociedade. Se constrói tanto nas bases como nas instâncias nacionais e internacionais, tem a força da diversidade do campesinato latino americano e caribenho que vive, resiste a partir da construção da agroecologia, da luta por soberania alimentar, por uma seguridade social, que inclua saúde, previdência, assistência pública, universal e solidária, na defesa dos territórios, dos nossos corpos e no enfrentamento a todas as formas de violência sofrida pelas mulheres. É um feminismo que tem suas energias geradas nas propostas dessas mulheres construídas na luta por uma sociedade sem desigualdades.
Hoje esse feminismo se apresenta como sistematização de muitos processos vivenciados pelas mulheres camponesas, indígenas e negras de todo o mundo, é fruto do encontro das histórias de muitas mulheres das várias organizações que compõem a Via Campesina. Algumas dessas mulheres são companheiras que seguem em luta, outras não estão mais entre nós, por inúmeros motivos, mas cuja memória, luta e exemplos são sementes gerando cotidianamente mais feministas camponesas populares.
fonte: https://mmcbrasil.org/construcao-das-camponesas/