Coletivos atuam para ampliar democracia e fortalecer reconstrução do país
Depois de uma onda ofensiva contra jornalistas e em meio ao aprofundamento do monopólio das mídias, coletivos, movimentos e organizações se mobilizam no fortalecimento da comunicação popular.
O estímulo à produção de conteúdos pelas próprias comunidades e a mobilização da população frente aos problemas políticos, sociais e econômicos seguem um desafio, como explica Anderson Moraes, diretor do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
“Nós temos mídias que estão aí nas periferias, a exemplo do Jornal Empoderado, você tem mídias de mulheres, mídias sindicais, mídias quilombolas, de todos os lugares do país. Essas mídias não só mostram a que vieram, quem são, seus costumes, seus valores, mas também dialogam o Brasil que precisamos e isso é muito importante. Por isso fortalecer mídias populares, é fortalecer o Brasil também”, explica Anderson.
Apesar dos desafios, fazedores de comunicação popular avaliam que esse é um momento de fortalecimento, somente possível a partir da união entre as iniciativas, na construção de uma rede de informação, formação e resistência.
Do Coletivo Intervozes, Olívia Bandeira (segunda à esquerda), contribuiu na I Escola Nacional de Comunicação do MST / Juliana Barbosa / MST
“Eu acho que a gente tem um cenário de muitos desafios, mas ao mesmo tempo, uma oportunidade grande de fortalecer a comunicação popular, principalmente por meio das parceiras entre os coletivos, temos hoje diversos coletivos como o coletivo Intervozes, do qual faço parte, que trabalha com a agenda da democratização da comunicação, mas a gente tem também diversos coletivos de comunicação popular e comunitária que estão trabalhando desde seus territórios”, comenta Olívia Bandeira, do Coletivo Intervozes.
Com uma população bombardeada de informações, hoje se torna cada vez mais difícil distinguir o que é verdadeiro ou falso, especialmente no campo digital. Sobre isso, o Coletivo Intervozes aposta na fiscalização de conglomerados de comunicação, na transparência dessas empresas sobre como controlam a distribuição do conteúdo que circula em suas redes, além do efetivo acompanhamento público.
“A gente tem uma oportunidade muito grande de fazer redes, de fortalecer essa comunicação popular e comunitária para poder enfrentar o poder dos grandes conglomerados de comunicação, para poder enfrentar também as grandes plataformas digitais com seus algoritmos e poder furar essas bolhas e fazer a informação circular”, complementa Bandeira.
A comunicação popular do MST atua em diversas frentes, a exemplo da Brigada de Audiovisual Eduardo Coutinho (BAEC) / Daniel Violal / MST
O Movimento Sem Terra também tem feito parte das discussões, enquanto um dos movimentos que investe esforços na formação de comunicadores populares ao longo dos seus quase 40 anos e se reinventa frente aos novos desafios.
“Nós estamos falando de uma comunicação que pensa a linguagem, que pensa a forma e que pensa o conteúdo, mas para além disso se posiciona enquanto instrumento que informa, forma e organiza. Então a comunicação possui um conjunto de potencialidades e para isso é necessário construir processos de formação, processos de envolvimento do conjunto da militância na construção dessa comunicação”, aponta o jornalista e comunicador popular do movimento, Wesley Lima.
No final de 2023, o MST realizou sua I Escola Nacional de Comunicação Popular, formando 30 pessoas de diversas regiões do país, que voltaram aos seus territórios com a missão de replicar o aprendizado.
Para o MST, a Comunicação Popular em todo o país segue o desafio de dialogar com outras iniciativas, formando uma grande rede em defesa da democracia e da pluralidade de vozes.
“Hoje não tem como a gente pensar a comunicação na relação com a sociedade de maneira isolada. Precisamos pensar a comunicação atuando com um conjunto de parceiros, aliados e amigos que comungam dos mesmos processos de luta que a gente tem construído”, finaliza Wesley.
Edição: Matheus Alves de Almeida