Carta com mais de 3.200 assinaturas de cientistas, jornalistas, professores, sindicalistas, lideranças da sociedade civil e entidades solicita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoio, providências legais e diplomáticas para o Brasil conceder asilo político ao jornalista Julian Assange, preso no Reino Unido
John Shipton, que está no Brasil, concedeu entrevista à TV Brasil
Publicado em 22/08/2023 - 20:26 Por Sabrina Craide - Repórter da Agência Brasil - Brasília
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O pai do jornalista e ativista australiano Julian Assange, John Shipton, está no Brasil para divulgar o documentário Ithaka – A Luta de Assange. A obra mostra o trabalho de Shipton na tentativa de libertar seu filho, que está preso na Inglaterra desde 2019. Em entrevista exclusiva à TV Brasil, Shipton disse que está lutando vigorosamente contra a possibilidade de extradição de Assange para os Estados Unidos, o que para ele seria uma “sentença de morte”.
Segundo Shipton, o objetivo do documentário é mostrar o que os governos podem fazer para censurar as publicações da imprensa. "Ver isso no documentário nos arma para futuros confrontos, nos dá ferramentas para ajudar os governos a entender que existem outros meios de governar um país.”
Para Shipton, a prisão de Assange fere a liberdade de imprensa no mundo “Qual jornalista vai querer passar 14 anos preso e gastar milhões de dólares para pagar advogados por sua liberdade? O jornalismo está sendo pressionado por todo o mundo”, disse.
O fundador do WikiLeaks foi preso na Inglaterra em 2019 após sete anos asilado na Embaixada do Equador. O ativista é acusado pela Justiça norte-americana de 18 crimes, incluindo espionagem, devido à publicação, em 2010, de mais de 700 mil documentos secretos relacionados às guerras no Iraque e no Afeganistão. Caso seja considerado culpado, ele pode pegar até 175 anos de prisão.
Shipton agradeceu ao governo brasileiro o apoio a Assange. Em maio deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em Londres, que a manutenção da prisão do jornalista é “uma vergonha”.
O pai de Assange foi recebido nesta terça-feira (22) pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta. Nas redes sociais, Pimenta ressaltou que o presidente Lula é sensível à causa e um dos principais defensores de Assange. “Reafirmamos o compromisso do nosso governo com a sua luta, a do Assange, e o nosso compromisso com a liberdade de expressão. Defendemos quem tem coragem de buscar um mundo melhor”, ressaltou o ministro.
Edição: Juliana Andrade
Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-08/pai-de-assange-divulga-documentario-sobre-luta-por-liberdade-do-filho
Extradição de Assange: em jogo, a liberdade de imprensa no mundo
Carta com mais de 3.200 assinaturas de cientistas, jornalistas, professores, sindicalistas, lideranças da sociedade civil e entidades solicita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoio, providências legais e diplomáticas para o Brasil conceder asilo político ao jornalista Julian Assange, preso no Reino Unido
ÁLVARO NASCIMENTO
RENATO CORDEIRO
A carta propõe ao presidente Lula que ele coordene um esforço internacional junto a outros países, instituições e personalidades – a começar pelos componentes dos Brics e do G20, grupo do qual o Brasil assumirá a liderança em dezembro deste ano – com vistas a obter a aceitação deste asilo político por parte do governo inglês. Entre as personalidades mundialmente reconhecidas citadas na carta para serem procuradas por Lula estão o Papa Francisco, o ator Leonardo Di Caprio, o fotógrafo Sebastião Salgado, o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, o compositor e escritor Chico Buarque de Holanda e jornalistas ganhadores do Prêmio Pulitzer, como Seymour Hersh.
É importante ressaltar que Assange ficou exilado na Embaixada do Equador em Londres por sete anos e, depois de preso, está há outros quatro anos numa penitenciária inglesa, totalizando 11 anos sem liberdade por ter tornado público fatos verdadeiros. Hoje estamos diante de uma iminente extradição de Assange para os EUA, onde poderá ser condenado a até 175 anos de prisão por revelar fatos graves a respeito daquele país.
Por meio do Wikileaks, Julian Assange realizou um extraordinário trabalho jornalístico, publicando inúmeros documentos militares e diplomáticos de fontes fidedignas, mas considerados confidenciais pelo governo dos Estados Unidos, mas que são de interesse de todo o mundo. Entre estes documentos, um vídeo mostra helicópteros das forças estadunidenses em ação no Iraque em 2007, matando vários civis e jornalistas da Reuters. Assange também divulgou importantes e verdadeiras informações sobre outras ações de militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
O mundo assiste a um grande movimento humanitário visando impedir a inaceitável extradição de Assange, mas os principais veículos de comunicação do planeta estão silenciosos e parece não perceberam que o que está em jogo não é apenas a liberdade de um jornalista injustamente processado. O que está em risco é a liberdade de imprensa como um direito não apenas dos jornalistas e das empresas de comunicação, mas das sociedades e de cada cidadão de serem corretamente informados e saberem a verdade. O mundo não pode ficar refém de não vir a saber de verdades que não interessem a este ou aquele governo.
Caso a extradição de Assange se concretize, com a prisão agora definitiva do fundador do Wikileaks, estará aberto um gravíssimo precedente. Qualquer jornalista que obtenha informações verdadeiras e comprovadas sobre os Estados Unidos (ou de qualquer governo que considere de segurança nacional informações sobre si próprio) poderá vir a ser processado, extraditado e preso, esteja aonde estiver, já que serão estes próprios governos que decidirão quais informações podem ou não podem ser divulgadas sobre suas ações, sejam elas efetivadas dentro ou fora de seus territórios. Um absurdo completo.
Nesta semana, John Shipton, pai de Assange, num processo de peregrinação pelo mundo, visita o Brasil para lançar o filme Ithaka - A Luta de Julian Assange. Ele busca angariar novos apoios em sua luta contra a extradição e pela liberdade do filho. Lula terá uma grande oportunidade não apenas de se solidarizar com a justa luta de um pai, mas iniciar imediatamente o esforço proposto a ele na carta entregue pelo presidente da SBPC e subscrita por mais de 3.200 brasileiros.
Como afirmamos no documento entregue a Lula, “independente do resultado, este esforço vigoroso em defesa de Assange contribuirá para marcar ainda mais a posição humanitária e progressista do governo brasileiro no mundo, como tem sido a nossa marca desde 1º de janeiro de 2023’”.
ÁLVARO NASCIMENTO, jornalista, tecnologista da Fiocruz e escritor
RENATO CORDEIRO, pesquisador emérito da Fiocruz
Comissão de Direitos Humanos exibe documentário sobre Julian Assange
23/08/2023 - 08:59
A Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial promove audiência pública nesta quarta-feira (23) para exibir o filme “Ithaka – A luta de Assange”, documentário que acompanha a luta de John Shipton na tentativa de salvar seu filho, Julian Assange. O ativista e jornalista australiano foi preso em 2010 por expor milhares de documentos confidenciais com informações sensíveis sobre relações internacionais, espionagem e política global, causando grande impacto
político e diplomático, resultando em um julgamento e condenação à extradição para os Estados Unidos.
A deputada Jack Rocha (PT-ES), que solicitou a realização da audiência pública, afirma que o filme tem "muita relevância para o debate sobre democracia, liberdades individuais e deveres governamentais, tornando sua exibição na Câmara dos Deputados um marco fundamental, tendo em vista o mundo em que vivemos atualmente." Segundo a deputada, mais do que expor a situação do ativista australiano, a audiência pública será um momento de "reflexão a respeito da complexidade dos tópicos listados acima."
O Wikileaks é uma organização internacional que se tornou famosa por sua
atuação no vazamento e divulgação de informações confidenciais de governos e
empresas ao redor do mundo. Fundada em 2006 por Julian Assange, um ativista e
jornalista australiano, a plataforma se dedicava a expor documentos secretos que
revelavam práticas governamentais questionáveis, corrupção e abusos de poder.
A audiência pública será realizada no plenário 9 às 13 horas.
Confira aqui a pauta da reunião.
Da Redação - AC
Fonte: Agência Câmara de Notícias - https://www.camara.leg.br/noticias/988603-comissao-de-direitos-humanos-exibe-documentario-sobre-julian-assange/