Grandes painéis exibiam os slogans da campanha ‘Fé, união e reconstrução’ e ‘o povo de novo na prefeitura’
Convenção oficializou a candidatura de Maria do Rosário (PT), com Tamyres Filgueira (PSOL) como vice, à Prefeitura de Porto Alegre, na manhã deste sábado (27) - Foto: Rafa Dotti
O clima era de festa no ginásio do colégio ACM, em Porto Alegre, na manhã deste sábado (27), para a convenção da frente Unidade por Poa que oficializou a candidatura de Maria do Rosário (PT), com Tamyres Filgueira (PSOL) como vice, à Prefeitura de Porto Alegre. Dois fatos inéditos marcam a chapa. A unidade de PT e PSOL já no primeiro turno e duas mulheres na cabeça da chapa, sendo uma negra. Fatos ressaltados e celebrados em muitos discursos.
Coube às deputadas estaduais Laura Sito e Luciana Genro atuarem como as apresentadoras do evento, que anunciaram logo no início as 64 candidaturas à Câmara de Vereadores pelos partidos da coligação (PT - 29, PSOL - 25, PCdoB - 4, PV - 3, REDE - 3). O Partido Avante também integra a coligação.
A ampla frente de partidos que integram a coligação garante que a prioridade para os próximos meses é debater os temas da cidade, em especial seu sistema de proteção contra enchentes , e recuperar a capacidade da gestão em suas funções públicas. Outra questão central anunciada pela candidatura de Maria e Tamyres é a retomada da participação popular na capital gaúcha, ressaltando que a vitória em outubro vai representar a volta do povo à prefeitura.
A convenção contou com a presença de quatro ex-prefeitos de Porto Alegre: Olívio Dutra, Raul Pont, Tarso Genro e José Fortunati, que tiveram suas gestões apontadas como referência em diversos momentos da atividade. Os quatros se manifestaram e destacaram a confiança na vitória de Maria do Rosário e da responsabilidade que ela, junto com a Tamyres, terá de recuperar a gestão e fazer com que a cidade volte a estar entre as líderes em qualidade de vida e desenvolvimento econômico e social.
Seis partidos integram a frente #UnidadePorPoa em apoio à chapa - PT, PCdoB, PV, PSOL, Rede e Avante / Foto: Rafa Dotti
Outras presenças ilustres foram o presidente da Conab Edegar Pretto, a ex-deputada Manuela D’Ávila, que concorreu à prefeitura na eleição passada, e o ministro da Reconstrução do governo Lula, Paulo Pimenta. Pimenta, inclusive, foi o responsável por transmitir as saudações da ex-presidenta Dilma Rousseff, atual presidenta do Banco do Brics, e do presidente Lula. “O presidente deu a certeza de que estará conosco, não só para construir uma grande vitória, mas para governarmos Porto Alegre, para voltarmos a oferecer ao nosso povo uma gestão participativa, competente e que faça diferença."
Pimenta afirmou que a palavra de ordem é união e reconstrução, é recomeço e esperança. “O povo descobriu quem é seu amigo na hora da enchente. Na hora que mais precisou, foi o presidente Lula e nosso governo que se colocou presente no Rio Grande do Sul”, recordou.
A ex-deputada federal Manuela D'Ávila também estava lá e convocou a militância para a "construção de vitória". "Precisamos garantir que estejamos na rua para reconstruir a nossa cidade. Sem Maria e sem Tamyres, a nossa reconstrução vai ser muito mais difícil e muito mais triste. Chegou o tempo de colocarmos Porto Alegre na mão de duas mulheres", ressaltou Manuela.
Edegar Pretto relembrou que, em 2022, Porto Alegre elegeu Lula e teria elegido tanto Olívio para o Senado, quanto ele próprio, que disputava o Piratini ao lado do PSOL. “Foi exatamente essa frente política que nós constituímos com esses partidos que fizeram com que o presidente Lula vencesse o inelegível na Capital. O prenúncio da nossa vitória em 2024 começou em 2022", defendeu.
“Nós mulheres negras sabemos que é muito difícil estar nesse espaço", afirmou Tamyres, emocionada / Foto: Rafa Dotti
Um dos momentos marcantes ocorreu durante o discurso de Tamyres Filgueira. A candidata à vice-prefeita reuniu parlamentares, candidatos e candidatas negros. De mãos dadas com Maria do Rosário e cercada por pessoas negras, Tamyres reforçou a necessidade de Porto Alegre também ser a capital das oportunidades para essa população e de ser uma cidade protagonista na luta antirracista.
“Nós mulheres negras sabemos que é muito difícil estar nesse espaço. Nós sabemos que toda vez que nós ocupamos esse espaço, antes do apoio vêm os questionamentos e as cobranças. Eu sei do compromisso, e da responsabilidade que tenho em ocupar este espaço. E eu não estou sozinha. Eu estou com o povo negro nessa caminhada.”
Tamyres também não poupou críticas à atual administração. Ela destacou a negligência e a irresponsabilidade com o dinheiro público, principalmente na gestão das enchentes e ao citar a morte de 11 pessoas vítimas de um incêndio em uma pousada que tem convênio com a prefeitura. Outro tema lembrado como crítica ao atual governo foi o caso de corrupção e a prisão da ex-secretária de Educação da gestão de Sebastião Melo.
“Nunca antes estivemos com tantas possibilidades de ver o povo de novo na prefeitura. De voltarmos a ter uma gestão com participação popular real”, declarou Tamyres, recebendo aplausos calorosos.
Maria do Rosário reforçou o sentimento de esperança que pretende ver outra vez como marca dos porto-alegrenses / Foto: Rafa Dotti
O encerramento coube a Maria do Rosário, que, com um discurso firme e esperançoso, prometeu uma Porto Alegre inclusiva e participativa. “Dou a minha palavra que vamos virar a página do tempo de uma gestão que olha apenas para alguns bairros da cidade e deixa abandonada a periferia. Que trabalha para os grandes interesses econômicos e dá as costas para quem acreditou nas suas promessas”.
Maria lembrou que Porto Alegre já vinha apresentando problemas graves antes da enchente. Um dos casos mais emblemáticos é a sujeira da cidade e a desestruturação do sistema de coleta seletiva. “Nós estamos aqui com a coragem de mudar, para levar o povo de Porto Alegre à democracia participativa, o desenvolvimento, a inovação, as escolas, a saúde pública, a assistência social, a drenagem, o cuidado com os resíduos.”
A candidata também reforçou o sentimento de esperança que pretende ver outra vez como marca dos porto-alegrenses. "É tempo de plantar. Coloquem a semente da esperança no coração e na mente da nossa gente. Uma esperança que tem múltiplas flores e etnias, que tem a força daqueles e daquelas que foram sempre relegados e colocados fora das decisões."
"Saibam que nós estamos aqui para que este nosso abraço de mulheres, de mães, seja o abraço a cada pessoa. Com essa semente que levam hoje plantada, cada um e cada uma de nós, no dia das eleições vamos colher a vitória, que será do povo, será pelo povo”, acrescentou.
Maria destacou que terá as gestões de Olívio, Tarso, Raul e Fortunati como referências, mas que também vai aplicar o que há de mais atual na gestão pública, em especial para a reconstrução da cidade. "Vamos construir também o que é novo, o que é bom e belo, justo e digno na vida de todos e de todas que vivem na cidade de Porto Alegre.
Maria e Tamyres encerraram o ato de mãos dadas, segurando as bandeiras de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, em um gesto que sinaliza que a recuperação das atividades econômicas e das áreas atingidas pelas enchentes serão essenciais para a recuperação do estado como um todo.
Vídeos e apresentação do jingle animaram a militância / Foto: Rafa Dotti
Jingle anima a militância
A deputada Luciana Genro anunciou que tinha uma surpresa para Maria do Rosário, que ela sempre dizia que gostava do jingle da campanha para governador de Olívio Dutra e pediu para colocar o vídeo do jingle: aaa Maria, era a surpresa da música que irá embalar a campanha. “Agora é Maria! Fé na vida, fé na gente, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais. Mãos unidas, lado a lado, Porto Alegre nossa paixão. Dessa vez é Maria do Rosário, a prefeita da reconstrução”.
Outro destaque foi para a flor girassol, que acabou se tornando um símbolo da candidatura. “As mulheres da reconstrução olham para o futuro de Porto Alegre, assim, como todo girassol aponta para o sol, para cima.”
Edição: Katia Marko