Quase lá: Marcha das Margaridas ocupa ruas de Brasília 

Conheça lutas e motivações de mulheres do campo. Mais de 100 mil estão em Brasília em luta por um futuro melhor

Brasília (DF), 15/08/2023,  Ana Francisca da Silva Alcântara (Piranhas – Alagoas), chegou de ônibus para acampar no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a  7ª Marcha das Margaridas.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil© Rafa Neddermeyer/Agência BrasiGeral

Publicado em 16/08/2023 - 08:52 Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil - Brasília

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Mais de 100 mil mulheres reunidas em Brasília marcham, nesta quarta-feira (16) até o Congresso Nacional, pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver. 

Desde o fim de semana até essa terça-feira (15), centenas de ônibus chegaram ao Pavilhão do Parque da Cidade, trazendo as participantes da 7ª Marcha das Margaridas, coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), pelas federações e sindicatos filiados e por 16 organizações parceiras. 

Na mobilização política, considerada a maior da América Latina pela Contag, mulheres de todas as regiões do Brasil querem garantir direitos, pôr fim às desigualdades de gênero, classe e étnico-raciais; enfrentar a violência, que muitas vezes ameaças sua vida, e a opressão, simplesmente, por serem mulheres. As pautas delas foram debatidas durante dois anos, em reuniões regionais e nacionais que resultaram em documento divido em 13 eixos políticos. A pauta da Marcha das Margarida 2023 foi entregue ao governo federal em junho.  

Essas mulheres, no entanto, têm suas próprias reivindicações. Por isso, deixam suas casas e famílias, viajam dias de ônibus, dormem em colchonetes e redes em um grande alojamento, tomam banho em banheiros coletivos.  

Agência Brasil ouviu histórias das margaridas, que estão em Brasília para marchar e transformar. Conheça suas lutas. 

A indígena Gracilda Pereira, da etnia Atikum-Jurema, chegou de Petrolina, em Pernambuco, e cobra os direitos de saúde e educação para a aldeia onde ela vive. “A nossa área da saúde indígena é descoberta. Não temos agente de saúde, não tem médico. Há duas indígenas com curso de enfermagem e elas fazem os primeiros socorros. A unidade mais próxima, quando a gente vai se consultar, é só para urgência. E há também a questão da educação. Os alunos frequentam escolas no município, fora da aldeia. Há um ônibus bem cedo que leva as crianças Tem pessoas também que não sabem ler, nem escrever. São muitas questões, principalmente no Vale do São Francisco. 

Brasília (DF), 15/08/2023,  Gracilda Pereira, indígena da Coelho, Aticum-Jurema (Petrolina-Pernambuco), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a  7ª Marcha das Margaridas.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Brasília (DF), 15/08/2023, Gracilda Pereira, indígena da Coelho, Aticum-Jurema (Petrolina-Pernambuco), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a 7ª Marcha das Margaridas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
 

Maria Nazaré Moraes, de Belém, no Pará, é estreante na Marcha das Margaridas. Ela representa uma central de seringueiros, extrativistas e pescadores das ilhas da capital paraense. “É tanta coisa que já era para ter sido feita e até agora nada. Regularização fundiária, uma delas. E para os pescadores, os direitos do seguro defeso que não é dado para todo mundo. Por causa do local, nem todos têm direitos porque não é a água salgada. E Maria, que está alojada em uma rede, entende que isso faz parte da luta. “Enfrento qualquer situação. No chão, na rede, na cama, no mato. É assim que a gente é”. 

A lavradora e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira Nova, em Sergipe, Luciana Santos, marcha por mais direitos. “Por mais terra, por mais educação, mais saúde e que as mulheres possam ter mais oportunidades. Infelizmente, tivemos um retrocesso nos últimos quatro anos. Mas, agora, com o governo Lula, que é da democracia, viemos lutar para reconstruir o Brasil juntas, por tantos direitos e tantas perdas que tivemos. 

Brasília (DF), 15/08/2023, Luciana do Zé Santos, lavradora (Feira Nova – Sergipe), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a  7ª Marcha das Margaridas.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Brasília (DF), 15/08/2023, Luciana do Zé Santos, lavradora (Feira Nova – Sergipe), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a 7ª Marcha das Margaridas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
 

Cherry Almeida é uma das lideranças do bloco afro Afoxé Filhas de Gandhy, com 44 anos de existência, em Salvador (BA). A baiana entende que a mobilização é extremamente importante para o empoderamento feminino. “A marcha é, acima de tudo, para a afirmação das mulheres no nosso lugar de poder nessa sociedade. Nós sabemos que as mulheres que estão aqui querem uma sociedade mais justa, mais igualitária, igualdade de oportunidade, querem espaços de poder nessa sociedade. Portanto, precisamos estar juntas, unidas, marchando com o único objetivo da transformação dessa sociedade. E essa marcha é a cara da mulher brasileira”, declara Cherry Almeida 

A produtora de eventos e trans Dávila Macarena Minaj, de 25 anos, veio com a mãe, uma agricultora famíliar, de Acará, no Pará. Minaj revela que teve um choque de cultura desde que chegou à capital federal, encontrou pessoas de outros estados e entrou em estandes do pavilhão com diferentes temáticas. Ela marcha por mais respeito à sua sexualidade. “A minha cidade é o lugar onde mais sofro transfobia no mundo. Então, busco o direito de ser diferente e ter direitos iguais.” 

Brasília (DF), 15/08/2023,  Dávila Macarena Minaj, 25 anos (Acará/Pará), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a  7ª Marcha das Margaridas.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Brasília (DF), 15/08/2023, Dávila Macarena Minaj, 25 anos (Acará/Pará), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a 7ª Marcha das Margaridas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
 

O pleito da quebradeira de coco Domingas Aurélia Almeida dos Santos em Timbiras, no Maranhão é continuar quebrando o fruto e fazer o beneficiamento dele para garantir a renda da família. “É nosso direito quebrar o coco, livre. As palmeiras estão acabando porque os donos que compram as terras estão matando. E estamos ficando sem coco para quebrar, porque não tem mais palmeira. Nós tiramos lá a palha do coco, o azeite, fazemos sabonete e sabão, tiramos o leite do coco, tudo. Da casca, fazemos o carvão. E o coco acabando fica difícil de sobreviver. 

A criadora de conteúdo digital e suplente de um parlamentar de Santa Catarina veio aprender sobre feminismo para atuar melhor em defesa dos direitos femininos. “Vim para me organizar, junto com outras mulheres, escutar as reivindicações das mulheres do campo, das florestas, e saber o que está sendo organizado na América Latina. Estar aqui, presente na marcha, escutar o que elas têm para reivindicar, estar nas oficinas, ouvindo as palestras, tudo o que elas estão trazendo, é extremamente importante pra gente fazer políticas públicas, que sejam realistas”, diz a catarinense Sardá. 

Brasília (DF), 15/08/2023,  Carolline Sardá (suplente de deputada federal - Psol/SC), no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a  7ª Marcha das Margaridas.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Brasília (DF), 15/08/2023, Carolline Sardá (suplente de deputada federal - Psol/SC), no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a 7ª Marcha das Margaridas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
 

A agricultora Maria Francisca da Silva Alcântara parou os cuidados com a plantação de arroz e feijão, em Piranhas, Alagoas, para viajar a Brasília. No momento em que descia do ônibus, conversou com a reportagem da Agência Brasil. “Viemos buscar os projetos para as agricultoras que ficaram nas comunidades, para plantar as sementes sem orgânicos. É tudo sem veneno. Força, fé e coragem -  essa é a receita para vencer batalhas.” 

A bancária do Paraná, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), Eunice Myamoto, caprichou nos adereços floridos para marchar com as margaridas. Em reunião, em uma tenda, com outras representantes sindicais, Myamoto falou sobre a luta feminina. “Vim ver todas as mulheres que estão aqui atrás desse sonho, em busca de igualdade, dos direitos que temos. Está sendo lindo porque eu vi a energia dessas mulheres Eu vi que a Margarida [Alves] deixou suas semelhantes E estamos fazendo toda essa primavera em Brasília.” 

Brasília (DF), 15/08/2023,  Eunice Myamoto – bancária (Paraná), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a  7ª Marcha das Margaridas.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Brasília (DF), 15/08/2023, Eunice Myamoto – bancária (Paraná), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a 7ª Marcha das Margaridas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
 

A moradora da Ceilândia, no Distrito Federal, Elisa Cristina Rodrigues, faz parte da União da Juventude Socialista. Aos 19 anos, a estudante lembra que muitas lideranças que hoje estão à frente de entidades que defendem direitos sociais ou estão em posto de comando, começaram em movimentos estudantis, nas décadas de 80. “Quanto mais cedo você se engaja, mais vitórias tem. Dentro do movimento, a gente conhece pessoas que passam por situações muito diferentes. Então, acabamos tendo um olhar mais amplo. Ainda mais no nosso país, que é muito desigual”. 

A assentada rural Alcimeire Rocha Morais trouxe o filho de José Pietro, de 6 anos, para conhecer a capital do país e lutar pelo direito à terra. “A gente mora em assentamento. Ainda não tem a terra no nome, mas tem o círculo da terra onde pode trabalhar, criar as coisas da gente, fazer a roça. Só que não temos muita condição para cuidar da terra. Só plantamos as coisas boas e criamos os bichos: galinha, porco. Isso” 

Outra trabalhadora do campo, Celeste Gonçalves Barros, de Cândido Mendes, no Maranhão, diz que em sua marcha quer maquinário específico para a pequena produção rural. “Muitas pessoas param até de plantar porque não há condição de trabalhar no braço pesado. Se viessem umas máquinas para ajudar a gente seria muito bom. Só trabalhamos com machado, na foice, no braçal mesmo. Se tivesse máquina, era só revirar a terra, fazer o beneficiamento e plantar. Ficava mais fácil para a gente”. 

Palmeirândia, no Maranhão, é a terra de Ana Luísa Costa Lobato. Lá, ela é diretora do Sindicado de Trabalhadores da Agricultura Familiar e valoriza o diálogo do governo federal com a população do campo. “A gente tem esperança que ele [Lula] mude o nosso país. Esse é o governo que a gente colocou lá. E, desde o início, está dando para dialogar. É notório, porque desde as entidades, os movimentos sociais, até com estrangeiros, vemos a diferença do diálogo. E precisa tê-lo para pedir as coisas. Tem que ter conversa”. 

Brasília (DF), 15/08/2023,  Ana Ana Luísa Costa Lobato, trabalhadora rural, (Palmeirândia - MA), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a  7ª Marcha das Margaridas.  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Brasília (DF), 15/08/2023, Ana Luísa Costa Lobato, trabalhadora rural, (Palmeirândia - MA), acampada no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, para a 7ª Marcha das Margaridas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil - Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
 

A extrativista de coco babaçu Maria José Alves Almeida, de Codó (MA), marcha para ter acesso ao crédito bancário. “A gente tem que ter crédito, pois não consegue acesso. Não temos carro, não temos terra. Trabalhamos no território aleiro. Então, isso nos atrapalha muito. Mas, é importante. É independência. Nesses nossos encontros, já descobrimos que temos uma maneira de acessar. Ainda estamos buscando o conhecimento para passar às companheiras, para que tenham acesso ao crédito do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar]. 

Essas mulheres estão em marcha nesta quarta-feira, juntamente com mais de 100 mil margaridas em direção à Esplanada dos Ministérios, em um trajeto de aproximadamente seis quilômetros entre o Pavilhão do Parque da Cidade e o centro do Poder Executivo Federal.  

Às 10h30, haverá o ato de encerramento da Marcha das Margaridas, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros, em frente ao Congresso Nacional.  

As margaridas aguardam anúncios do governo que atendam à pauta de reivindicações da 7ª edição do evento.

Edição: Graça Adjuto

fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-08/marcha-das-margaridas-ocupa-ruas-de-brasilia

 

 

Marcha das Margaridas: agricultoras fazem passeata no Eixo Monumental

A 7ª edição da Marcha das Margaridas marca a luta de trabalhadoras rurais em busca de visibilidade, reconhecimento social e político

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 Metrópoles

Mulheres com faixa caminhamFelipe Torres/Metrópoles

Cartazes, flores e milhares de mulheres vestidas de lilás colorem o trajeto de aproximadamente seis quilômetros entre o Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade até a estrutura montada na Esplanada dos Ministérios na manhã desta quarta-feira (16/8).

A 7ª edição da Marcha das Margaridas marca a luta de trabalhadoras rurais em busca de visibilidade, reconhecimento social e político. Em 2023, tem como lema: “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”.

Marcha das Margaridas: veja como fica o trânsito na Esplanada

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, subiu em um dos seis carros de com da marcha.

 

O evento é coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), federações e sindicatos filiados e 16 organizações parceiras. A Marcha ocorre a cada quatro anos e é composta por trabalhadoras rurais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, sem-terra, extrativistas, da comunidade LGBTQIA+ e moradoras de centros urbanos.

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Marcha das Margaridas. Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da solenidade de encerramento, marcada para às 10h30, na altura do Ministério de Minas e Energia. O trânsito permanece com alterações na capital federal até o fim da manifestação.

A Esplanada dos Ministérios permanece fechada nos dois sentidos (S1 e N1), na altura da Catedral Metropolitana (L2). Também há bloqueios na área central da cidade. Não é permitido o acesso à Praça dos Três Poderes. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) é responsável pelas mudanças.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP), a liberação das vias para o trânsito de veículos ocorrerá após avaliação técnica.

“A Marcha representa um novo recomeço, da vida das Mulheres, do Brasil. É uma ação que estava precisando para dizer para o governo que é preciso mudar nossas vidas, que isso é necessário”, ressalta a costureira e educadora popular Abadia Teixeira, 60.

Ativista popular, Abadia compareceu em todas as edições da Marcha. “Nós tivemos momentos difíceis, e especialmente a vida das mulheres piorou”, completa.

Em Brasília desde segunda-feira (14/8), a paraense Ana Cássia, 25 anos, de Santa Maria das Barreiras (PA) veio em grupo com outras pessoas da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).

“Acho maravilhoso e importante. É uma marcha que dá voz para as mulheres. Estamos na expectativa de que o presidente Lula possa ouvir nossas vozes e nossa luta”, avalia a educadora do campo.

 

fonte: https://www.metropoles.com/distrito-federal/marcha-das-margaridas-agricultoras-fazem-passeata-no-eixo-monumental

 

Homenagem à Marcha das Margaridas evidencia demanda por igualdade

Da Agência Senado | 15/08/2023, 17h46

Plenário e galerias do Senado ficaram lotadas para a homenagem, que coincide com a Marcha das Margaridas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Roque de Sá/Agência Senado Convidados participam da sessão.

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Proposições legislativas

 

 

 

O Senado promoveu, nesta terça-feira (15), sessão especial para homenagear a Marcha das Margaridas. O senador Beto Faro (PT-PA) afirmou que a homenagem se mostrava como uma oportunidade única de celebrar a valentia e a grandeza das mulheres brasileiras. Ele defendeu a igualdade entre os gêneros e criticou a cultura do patriarcado. Segundo o senador, a homenagem também é uma oportunidade de alertar para as dificuldades e para as situações de desigualdade que atingem as mulheres, principalmente as trabalhadoras rurais.

Faro destacou algumas das bandeiras da 7ª Marcha das Margaridas: democracia participativa, soberania popular, autonomia das mulheres, acesso à terra, foco na biodiversidade, mais participação feminina na política, universalização da internet e uma vida livre de violência, de racismo e sexismo.

— Hoje, celebramos a esperança e a fraternidade. Lutamos por justiça com a certeza de que seremos ouvidos, pois juntos somos mais fortes — registrou o senador, autor do requerimento (RQS 383/2023) para a sessão especial, aprovado no final do mês de junho.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, ressaltou que a participação feminina foi essencial para a eleição do presidente Lula. Segundo Teixeira, o governo vê a pauta feminina como prioritária. Ele citou algumas ações do governo em prol das mulheres, como a criação do Pronaf Mulher (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), lembrando que a presença feminina é acentuada dentro da agricultura familiar.

— O importante é continuar a marcha, a marcha para mudar o Brasil e para construir um bem viver. A revolução é ecológica e feminina — definiu o ministro.

Igualdade

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, a marcha é um movimento legítimo de reinvindicação. A ministra destacou a Lei da Igualdade Salarial (Lei 14.611, de 2023), sancionada no início do mês passado, como uma forma de fazer valer a luta pela igualdade. Segundo a ministra, as mulheres marcham há décadas pela liberdade e contra a cultura do estupro e da violência. Ela prometeu “caminhar junto” com as trabalhadoras rurais e implementar políticas públicas voltadas para as mulheres.

— Precisamos tirar o ódio que colocaram neste país. Precisamos de paz neste país. Precisamos de um país que respeite as mulheres e que saiba dialogar — pediu a ministra.

A coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, agradeceu a homenagem do Senado. Ela disse que a diversidade das mulheres do campo e da floresta é que faz o movimento ser especial. Para Mazé, a marcha busca uma construção coletiva em prol da igualdade e de maior participação feminina na política. Afirmou esperar que o Senado e a Câmara dos Deputados atendam as reivindicações das mulheres da Marcha das Margaridas.

— Marchamos por soberania e por democracia popular. Não somos apenas milhares de mulheres em Brasília, mas milhões de mulheres no Brasil que lutam pela reconstrução do país e pelo bem viver — declarou Mazé.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) lembrou que a igualdade entre homens e mulheres é prevista na Constituição de 1988. Ele disse que, a exemplo do pastor e ativista norte-americano Martin Luther King, tem o sonho de nenhum brasileiro ser julgado pelo gênero, pela cor da pele ou por sua orientação sexual.

— Tenho fé em Deus de que um dia vou subir na Tribuna e afirmar que tenho orgulho de ser brasileiro. Pois no país que eu ajudei a construir todos somos iguais perante a lei —enfatizou Contarato.

A coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Sônia Coelho, defendeu mais protagonismo para as mulheres negras e indígenas e para as trabalhadoras do campo, das florestas e das águas. Ela pediu mais mobilização social em favor de uma alimentação mais saudável, natural e livre de veneno. Na mesma linha, a coordenadora do Greenpeace Brasil, Luiza Lima, criticou iniciativas legislativas que liberam o uso de mais agrotóxicos e afirmou que a agenda ambiental não pode ser dissociada da agricultura familiar.

Inspiração

O senador Paulo Paim (PT-RS) ressaltou a presença de mulheres de todas as regiões do país, que vieram a Brasília para fazer uma "linda caminhada" em busca de direitos. O senador anunciou que o projeto que inclui a agricultora Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria (PLC 63/2018) será votado no Plenário nesta terça ou quarta-feira (16). Margarida Alves é quem dá nome à marcha. Paim também defendeu a igualdade entre homens e mulheres e disse que a equidade de salários deveria ser natural.

A senadora Leila Barros (PDT-DF) falou sobre a unidade das senadoras em favor das pautas femininas. Ela contou ter sido influenciada pela Marcha das Margaridas, quando teve contato com o movimento em 2016, época em que era secretária de Esportes do Distrito Federal. De acordo com a senadora, as margaridas a ajudaram a ter convicção na sua luta política. Ela disse que a Marcha das Margaridas ajuda a inspirar todas as meninas e as mulheres do país.

— A mensagem que vocês deixam é que devemos continuar lutando. De coração, quero dizer que estarei aqui, sempre de portas abertas — declarou Leila, emocionada.

A senadora Augusta Brito (PT-CE) se disse feliz pelo fato de a primeira sessão por ela presidida ser para homenagear a Marcha das Margaridas. Para a senadora, além de respeito, as mulheres pedem oportunidades. A senadora Zenaide Maia (PSD-RN) disse que as mulheres da marcha "enchem os olhos", ao quebrar barreiras e lutar pelos direitos femininos. Segundo Zenaide, a memória de Margarida Alves motiva as mulheres a entender que a situação de pobreza e desigualdade pode ser mudada.

— Não vamos permitir retrocessos. Temos que participar da política, sim! Vamos à luta, sim! Uma segura a outra e sempre! —reforçou Zenaide.

Os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Sergio Petecão (PSD-AC), Otto Alencar (PSD-BA) e Weverton (PDT-MA) e os deputados José Guimarães (PT-CE), Guilherme Boulos (Psol-SP), Dilvanda Faro (PT-PA), Maria do Rosário (PT-RS), Juliana Cardoso (PT-SP), Erika Kokay (PT-DF), Célia Xakriabá (Psol-MG) e Alice Portugal (PCdoB-BA), entre outros parlamentares, também participaram da homenagem. Deputadas estaduais, vereadores, trabalhadoras rurais, representantes de entidades ligadas ao campo e às mulheres também acompanharam a sessão especial.

A marcha

A 7ª Marcha das Margaridas começou nesta terça e termina nesta quarta-feira (16), em Brasília. O tema deste ano é “Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”. O movimento, que surgiu no ano 2000, reúne mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta em busca de visibilidade, reconhecimento social e político e cidadania plena. A marcha é feita a cada quatro anos em agosto, mês da morte da sindicalista e agricultora Margarida Alves, assassinada na frente de sua família em 1983. A estimativa é que a marcha mais recente, em 2019, tenha reunido cerca de 100 mil mulheres em Brasília. O mesmo número é esperado para este ano.

Agência Senado

Fonte: Agência Senado - https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/08/15/sessao-em-homenagem-a-marcha-das-margaridas-destaca-demanda-por-igualdade

Vai a sanção nome de Margarida Alves como heroína da pátria

Da Agência Senado | 15/08/2023, 18h16

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Proposições legislativas

 

 

 

 

O Plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (15), a inscrição do nome de Margarida Alves no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Da deputada Maria do Rosário (PT-RS), o PLC 63/2018 foi relatado pelo senador Paulo Paim (PT-RS) na Comissão de Educação e Cultura (CE). A matéria segue agora para sanção. O acordo para aprovação do projeto foi anunciado por Paim durante uma sessão especial em homenagem à Marcha das Margaridas.

A líder sindical Margarida Alves nasceu em agosto de 1933 e morreu em agosto de 1983, logo após completar 50 anos. Ela foi assassinada por latifundiários na porta de casa, em Alagoa Grande (PB). Margarida lutava por direitos básicos dos trabalhadores rurais, como carteira de trabalho assinada, jornada de oito horas, férias e 13º salário. Em 2000, em homenagem a ela, foi criada a Marcha das Margaridas, mobilização de trabalhadoras rurais.

Durante a tramitação da matéria na Comissão de Educação, Paim apontou que o projeto é importante “para que mulheres e meninas, em especial da zona rural, possam se reconhecer na história daquela que dizia que nunca fugiria da luta”. O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria está depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília. Nele também estão gravados os nomes de Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Santos Dumont, entre outros personagens históricos.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado - https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/08/15/vai-a-sancao-nome-de-margarida-alves-como-heroina-da-patria

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