Carla Batista
Educadora do SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia e Secretária Adjunta da AMB
Planejado para acontecer em setembro de 2005, o X Encontro Feminista Latino-americano e Caribenho será um dos importantes momentos de reunião das feministas da região, neste ano de 2005. O encontro será realizado na cidade de Praia Grande, no litoral de São Paulo, estado sede da comissão organizadora. Este ano, o Encontro terá como eixo central os temas Feminismo e Democracia, com o objetivo de ampliar a reflexão sobre democracia desde uma perspectiva feminista: em que avançamos e qual(ais) são nossos projetos para ampliar e radicalizar a democracia?
Às vésperas da realização do V Fórum Social Mundial, pensar sobre o X Encontro nos provoca a necessidade de refletir também sobre que significado(s) para o internacionalismo dos movimentos feministas os encontros passam a ter, neste momento em que os movimentos sociais estão integrados a vários outros processos de reorganização e rearticulação, como o próprio FSM, os Diálogos Feministas (em sua segunda edição, acontecem antecedendo o V FSM), entre outros processos/espaços que têm possibilitado confrontação, identificação e construção de novas formas de ação política regionais e/ou globais, além da construção de uma crítica mais afinada ao modelo neoliberal.
Nos últimos anos, os encontros vêm demandando uma nova metodologia, que seja mais desafiadora no sentido de criar confluência entre todas as nossas diversidades e, ao mesmo tempo, garantir e possibilitar a expressão de todas elas. Uma metodologia que seja capaz de abrigar jovens e novas feministas que se aproximam do movimento através dos Encontros, mas que também alcance convocar e acolher feministas com uma trajetória maior de reflexão e ação política no movimento, de organizações, da academia e de outros espaços em que o feminismo vem se constituindo através dos últimos anos.
Há uma expectativa em relação à ampliação do debate sobre o próprio feminismo: em relação a si mesmo e em relação aos vários outros temas com os quais tem se confrontado no atual contexto político internacional, regional e nacional. Novos e antigos dilemas serão revisitados como aqueles relativos à orientação política geral frente aos problemas estruturais das desigualdades, os sentidos da autonomia e estratégias para a sua construção, os dilemas e diversidades das formas de institucionalização de práticas, e também à própria práxis feminista.
Ainda como desafio - não só para a comissão organizadora, como para todas nós - está a mobilização para novas formas de organização dos encontros, para que estes passem a ser, para além de um evento, um processo que envolva um número cada vez maior de feministas em sua construção. Talvez o prazo seja muito curto para que isso se construa até setembro, mas não está tarde para começar.
Neste que é também um período de comemoração dos 10 anos da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) - que tem no feminismo a base da sua identidade política - estão programados seminários e debates regionais sobre o pensamento e a prática política feminista. Serão, sem dúvida, momentos de debates que contribuirão para as militantes dos fóruns, articulações, núcleos e redes estaduais, a caminho do X Encontro.