Quase lá: Mulheres agricultoras buscam seus direitos em Brasília

O 1º Acampamento Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, realizado em Brasília de 13 a 17 de março, trouxe aos Ministros da Saúde, Agricultura e Previdência Social e aos Presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados suas exigências pela manutenção de direitos previdenciários, saúde pública de qualidade e saúde da mulher e maior investimento em política agrária e agrícola do País, além de reforçar o pedido de anistia da dívida dos pequenos agricultores. Foram cinco dias de debates, palestras, reuniões e manifestação nas ruas e avenidas, organizados pela Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR).

As 3.200 trabalhadoras de 26 Estados, entregaram ao Presidente da República e aos Ministros, documentos específicos para cada um, nos quais listaram sua pauta de reivindicações. No Ministério da Previdência, obtiveram uma das mais importantes informações: a retirada do projeto de lei do Executivo 1.733/99, que previa reforma na Previdência Rural, dificultando o acesso à aposentadoria para os trabalhadores do campo. "Se esse projeto fosse aprovado, 80% dos trabalhadores rurais ficariam desprovidos do benefício, porque seria necessário contribuir individualmente e sem interrupção, tendo como referência o salário mínimo e não mais a produção", de acordo com a deputada federal Luci Choinacki (PT/SC).

Apesar da vitória, o tratamento dado às mulheres no Palácio do Planalto foi considerado uma falta de respeito, segundo as coordenadoras da ANMTR, pois as trabalhadoras rurais não puderam sequer se concentrar na avenida em frente à sede do governo federal, impedidas por um imenso cordão formado por policiais militares. Nem mesmo uma comissão que protocolou a carta aberta ao presidente pôde entrar no Palácio. O ato foi realizado em uma mesa colocada no lado de fora do prédio, por ordem de assessores do presidente.

Ao avaliar o resultado do encontro nacional, a coordenadora Justina Cima diz que o acampamento fortaleceu a organização e o ânimo de luta das mulheres trabalhadoras rurais, bem como a compreensão da importante tarefa de se articular para defender os direitos nas áreas de saúde, previdência, trabalho, educação etc. Maria Madalena dos Santos, de Santa Maria da Vitória (BA), destacou que o Acampamento "foi uma grande escola para as mulheres rurais, porque a partir de agora elas estarão comprometidas e conscientes da luta por seus direitos".


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