Quase lá: Aids preocupa, mas não faz mudar comportamento

Marisa Sanematsu
Jornalista e integrante do Instituto Patrícia Galvão – Comunicação e Mídia

A AIDS preocupa menos @s brasileir@s, embora a maioria absoluta concorde que, para se ter segurança de verdade, é preciso usar sempre preservativo nas relações com parceiro fixo. No entanto, apenas 28% d@s brasileir@s passaram a usar o preservativo.

Estas são algumas das constatações da pesquisa de opinião sobre a percepção e a atitude d@s brasileir@s frente à epidemia do HIV/AIDS, realizada entre 29 de outubro e 2 de novembro de 2003. A Pesquisa de Opinião Mulheres e AIDS foi encomendada ao IBOPE pelo Instituto Patrícia Galvão, em parceria com o UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher). Foram feitas 2 mil entrevistas com mulheres e homens em todo o país.

A pesquisa revelou ainda que uma parcela significativa de brasileir@s sequer reagiu aos riscos da AIDS: 41% dos homens e 52% das mulheres entrevistadas afirmaram que não alteraram em nada seu comportamento.

Preocupação com AIDS diminui

Na visão d@s brasileir@s, a questão da AIDS ocupa o quarto lugar em uma lista de problemas que mais preocupam as brasileiras. Das pessoas entrevistadas, 12% apontaram a AIDS como um dos problemas que mais preocupam e 6% ainda apontam "o problema do crescimento da AIDS entre mulheres". Para 24% a maior preocupação é com o câncer de mama e útero e para 20% o que mais preocupa é a violência contra a mulher, dentro e fora de casa.

Comparando-se esses dados com os de outra pesquisa do IBOPE realizada em 1997, observa-se o crescimento da preocupação com a violência contra as mulheres e com o câncer de mama e de útero, assim como uma diminuição da preocupação com a AIDS. Na avaliação da coordenadora da pesquisa e diretora do Instituto Patrícia Galvão, a socióloga Fátima Pacheco Jordão, "é possível que a questão da AIDS esteja sendo percebida pela população como um problema melhor equacionado, devido à política de distribuição gratuita de medicamentos. Isto significa dizer que a AIDS deve estar sendo percebida como uma doença que tem tratamento e não mais como uma doença que mata, como no início da epidemia". Essa análise é confirmada por dados de outra pesquisa recente realizada pela rede BBC, que revelou que 61% d@s brasileir@s entrevistad@s não acreditam que a AIDS e o HIV possam provocar a morte.

Repercussão da pesquisa

Para divulgação dos dados da pesquisa, o Patrícia Galvão contou com a assessoria de imprensa de Michelle Lopes, jornalista do CFEMEA e também integrante do Instituto. Na semana que antecedeu o Dia Mundial da AIDS - 1º de dezembro - foram contatados os principais órgãos de imprensa (jornal, TV e rádio), que receberam um release de divulgação da pesquisa, além de uma análise elaborada por Fátima Pacheco Jordão.

A pesquisa foi notícia em diversos veículos, como: Folha de S. Paulo, O Globo, Jornal de Brasília, O Estado de Minas, Rádio CBN, Correio Braziliense, Diário do Grande ABC, Diário do Nordeste (Fortaleza); Diário de Pernambuco, A Tribuna (Santos), Rádio Nacional de Brasília, Rádio Câmara (DF), Programa Fala Mulher (Cemina/RJ), e outros. Os dados também foram divulgados em boletins eletrônicos, sites e portais na Internet.

Em 28 de novembro, a pesquisa foi apresentada em audiência no Ministério da Saúde, em Brasília, à coordenadora da Área Técnica de Saúde da Mulher, Maria José Araújo, e à Kátia Souto, da Coordenação Nacional de DST/AIDS. O evento contou com a presença de Astrid Bant (UNIFEM), Jenice Pizão (RNP+) e de representantes da Articulação de Mulheres Brasileiras e da Rede Feminista de Saúde.

Mais informações em www.patriciagalvao.org.br.


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