O que elas querem para o país? Além da questão prática e concreta da igualdade de gênero, reivindicam condições para permanecer e viver bem no campo, saúde pública de qualidade e Previdência Social pública.
As trabalhadoras rurais estão participando ativamente das conferências estaduais preparatórias para a Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras (CNMB). "É um momento importante de articulação dos movimentos de mulheres. Os diferentes grupos de mulheres rurais e urbanas estão se reunindo para debater gênero, classe e a situação do país," explica Justina Cima, coordenadora da Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR), uma das entida-des integrantes da Comissão Organizadora da CNMB.
Na pauta das trabalhadoras rurais estão: a discussão de um modelo de agricultura sustentável para as pessoas e o meio ambiente, a reforma agrária, a preocupação com a garantia de conquistas recentes, como o direito à Previdência Social e a prevenção de DST. "Hoje, os casos de Aids têm aumentado muito no campo, principalmente entre as mulheres," justifica Justina.
As cearenses estarão sendo representadas de forma paritária no quesito "cidade e campo". Na Conferência Estadual, realizada nos dias 19 e 20 de abril, compareceram 210 mulheres. Como só conseguiram um ônibus para vir à Brasília, apenas 96 delegadas poderão participar da CNMB. Como a disputa era grande, foi decidido que as vagas seriam preenchidas proporcionalmente: 50% de mulheres rurais e 50% de participantes urbanas.
Propostas relativas ao meio ambiente e desenvolvimento sustentável foram as contribuições mais expressivas das mulheres do Amapá à primeira versão da Plataforma Política Feminista. A Conferência Estadual, realizada durante os dias 3 e 4 de maio, reuniu 430 mulheres. Entre elas, estavam participantes negras, indígenas, extrativistas, trabalhadoras rurais, domésticas, parteiras tradicionais, representantes de associações e lideranças políticas. As participantes optaram pela discussão pontual, em cima da Plataforma. "Acredito que essas são as questões atuais do movimento de mulheres e temos de nos apropriar delas", diz Alzira da Silva, do Fórum de Mulheres do Amapá.
A visibilidade social dos movimentos de mulheres, em estados onde os grupos são mais recentes, é outra conseqüência positiva. "Não sabia que tinha tanta mulher organizada! Está sendo fundamental nos encontrarmos e sabermos da existência umas das outras," avalia Alzira.