Quase lá: Feminismo no Brasil, uma fotografia instantânea

Por Gilberta Soares e Estelizabel Bezerra
Cunhã (Coletivo Feminista da Paraíba)

O sonho era o de realizar um Encontro Nacional Feminista na Paraíba - (rio mau navegável em língua Potyguar). Sonho de muitas mulheres feministas nascidas, criadas, adotadas por esta terra (vivendo ou não nela). A idéia foi se construindo coletivamente e a missão posta era a de se criar um espaço favorável às mulheres e a diversidade de raça/etnia, credos, orientação sexual, inserções, tempo de vivência no feminismo, idades, correntes ideológicas, ou seja, reunir todas essas particularidades num grande caldeirão feminista.

O mote dos 500 anos nos fez ver a importância de enfatizar o recorte étnico e possibilitar a participação de índias, negras, brancas, de todas as misturas, enfim! Quem esteve no Encontro pôde ver nos rostos das tantas mulheres que encheram o hotel Tambaú a diversidade étnica e cultural. A novidade foi ter mulheres índias no caldeirão feminista. Em número bem menor que as negras, brancas e todas as outras classificações (difíceis de serem nomeadas). As índias se fizeram presentes nas conferências, na música, no artesanato, nas fotos, no intercâmbio.

Preparar o ambiente que favorecesse um encontro deste vulto e com tantas diferenças, se constituiu num desafio duplo - ter capacidade organizativa para captação de recursos (num momento em que a cooperação internacional avalia que os ENFs não produzem impacto e que a palavra feminista ainda produz arrepio no poder público e meio empresarial) e atender os desejos, expectativas, necessidades de tantas mulheres num formato em transição que tenta conjugar a metodologia de oficinas e a prática do discurso.

Esse novo formato que tem início em Salvador/97, busca atender a atual dinâmica do feminismo no Brasil, e o XIII ENF se propôs a fazer um balanço de conteúdos importantes da ação feminista. A grande novidade e sucesso absoluto do Encontro foi a Rádio mulher, em freqüência FM para toda a cidade. Uma realização do XIII ENF com a Rede de Comunicadoras Comunitárias/PB e a Rede de Mulheres no Rádio.

Valeu o desejo de fazer o Encontro, o esforço, a conquista, a solidariedade ainda presente no movimento. As ajudas daquelas que buscaram apoios financeiros, e as participações de todas que vieram, fizeram oficinas, participaram das mesas, expuseram seus produtos, fizeram a festa. O Encontro foi documentado e estão sendo trabalhados nos anais e vídeo para que possamos ter uma visão mais ampla do que foi o XIII ENF.


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