Quase lá: Editorial

O ano 2.000 chegou com muitas novidades. A começar pela nossa programação visual, totalmente reformulada para dar mais vida e dinamismo ao Fêmea. Além de uma nova cor, o Fêmea ganha uma diagramação mais leve e de fácil leitura. Algumas coisas, porém, permanecem, como as sessões fixas e o espaço aberto, desde o ano passado, para o tema da participação das mulheres na política, ainda mais neste ano de eleições municipais.

Outra novidade é o encarte da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), que deixa de ocupar uma página do Fêmea e ganha vida própria. O encarte, elaborado pela Coordenação de Comunicação da AMB, nos acompanhará regularmente durante este ano.

O ano novo trouxe ainda o debate sobre o topless de volta à cena. Para além da discussão estética, amplamente privilegiada pela repercussão que o caso teve na mídia nacional - com argumentos do tipo "o que é bonito é para ser mostrado" e perguntas tipo "você posaria nua para uma revista masculina?" -, achamos que o tema merecia uma reflexão sob uma ótica feminista. Até onde o caso carioca significa a conquista de um direito para as mulheres? Vale conferir.

E o debate sobre a reformulação do Código Penal? Neste Fêmea aproveitamos para lembrar que ele ainda existe. A nova Comissão Revisora, presidida agora pelo jurista Miguel Reale Júnior, continua analisando o código para formulação de um novo ante-projeto, sem data para encaminhá-lo ao Congresso Nacional. Enquanto isso, publicamos aqui dois artigos com a visão de médicos sobre a importância de que essa nova versão do Código amplie os casos em que o aborto é permitido. Vale lembrar que, ainda hoje, um em cada dez casos de morte materna no Brasil ocorre em decorrência de complicações de um abortamento mal feito, o que significa que a cada dia morre ao menos uma mulher vítima dessas seqüelas. Só no ano passado foram quase 1,5 milhão de abortos realizados clandestinamente. A revisão do Código Penal é um passo importante rumo a uma legislação mais humana e que tome o aborto como um problema de saúde pública que não pode mais ser varrido para debaixo do tapete.


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