Concluímos essa edição do FÊMEA antes do segundo turno das eleições. De todas as maneiras, até aqui os resultados já são mais que suficientes para comprovar (a quem ainda duvidava) que a luta feminista das mulheres produziu mudanças políticas e culturais importantes na sociedade brasileira.
Tomara que, quando você receber esse exemplar, as urnas tenham mais que ratificado essas transformações, conferido vitória a tod@s aquel@s que votaram contra o machismo e a lesbofobia, contra o fundamentalismo religioso e as artimanhas do machismo para desmerecer e desvalorizar a longa trajetória de luta das mulheres. Caminho cheio de obstáculos por onde nos afirmarmos como sujeitas de direitos e como sujeito político.
Toda essa mudança é resultado de décadas de luta. Há quase oito décadas, as mulheres se organizaram para lutar pelo direito ao voto. Depois, pelo direito a se candidatarem. Daí, para afirmar que sem as mulheres os direitos não são humanos. Nos últimos dez anos, pela paridade nos espaços de poder.
Refletir, sobre a luta das mulheres e as conquistas que obtivemos, é fundamental para nos dar ainda mais ânimo para seguir nos movimentando e demandando direitos, justiça social, de gênero, de raça, empoderamento e fim da violência, das discriminações e preconceitos.
Essa última edição do ano mostra que ainda temos desafios. Em contexto de campanha eleitoral, o voto feminino foi tema da mídia durante todo o período. Em entrevista ao Jornal Fêmea, a especialista Jacira Melo diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, comenta a presença/ausência das pautas das mulheres nesse processo e a forma como a mídia tratou a discussão.
A matéria de capa traz o balanço das mulheres eleitas e mostra o quanto ainda temos de avançar para que as candidaturas de mulheres sejam vistas como parte central da experiência democrática. Os últimos pleitos eleitorais demonstram uma verdadeira estagnação da presença feminina no nosso sistema político, apesar dos esforços das mulheres organizadas nos movimentos, nos partidos e na gestão pública para fazer valer as cotas, bem como outras ações afirmativas.
Próximo ao término dos oito anos de governo Lula é hora de fazer uma avaliação das políticas públicas. Reconhecendo as mudanças decorrentes de uma política nacional para as mulheres, mas também os limites impostos pela política macroeconômica. Afinal, continua havendo muita injustiça e desigualdade na arrecadação e distribuição dos recursos públicos. Esse debate é apresentado na última página.
Também apresentamos um balanço da Lei Maria da Penha, que demonstra a necessidade de lutarmos por sua implementação, questão prioritária para o dia 25 de novembro, dia de combate à violência contra as mulheres.
Por fim, Ana Liési Thurler, socióloga e ativista do Fórum de Mulheres do DF, apresenta uma análise crítica e preocupante da nova lei de alienação parental e suas repercussões para a vida das mulheres.
Com tantos desafios, chegamos ao final desse ano com a certeza de que, como diz a canção, estamos em cena, estamos nas ruas... e seguimos na luta! Apesar dos perigos, a gente se encontra cantando na praça...
Boas festas e um feliz 2011!