Quase lá: Lugar das mulheres é na política

Este número do jornal Fêmea chegará às suas mãos um pouco antes das eleições municipais. No momento em que as candidatas e candidatos estarão fazendo campanhas nas ruas, em rádio e televisão dos quase 6.000 municípios brasileiros. Este é um período muito importante de nossas vidas e, sobretudo, da consolidação progressiva da democracia brasileira. A cada pleito, estamos escolhendo quem vai representar nossos interesses, nossas demandas. Por isso, é preciso conhecer de perto cada candidat@ e saber se, em sua vida essa pessoa dá exemplo de comportamento ético e honesto como cônjuge, mãe ou pai, irm@, filh@, parente, vizinho, compadre/comadre , profissional etc. Além da vida privada, devemos checar se, no espaço público, essa pessoa também foi consistente em sua conduta. Isto é, se já foi uma autoridade política, se administrou com lisura os recursos financeiros, se fez parcerias e convênios transparentes, se priorizou políticas sociais que beneficiassem especificamente as comunidades e segmentos mais necessitados, se tem a ficha limpa.

Para nós dos movimentos feministas, é importante saber se @s candidat@s têm compromisso com as lutas das mulheres. Soubemos, há pouco, que um terço dos candidatos cariocas responde por agressão à companheira. Outros tantos têm pronunciado sua posição radicalmente contra a legalização do aborto e, inclusive, pelo endurecimento das penas às mulheres que precisam recorrer à prática. E muitas de vocês devem estar acompanhando como 15 dos 350 candidatos a prefeito e a vice-prefeito nas capitais brasileiras respondem a ações penais, ações de improbidade e processos por crimes eleitorais. Não podemos tolerar que essas pessoas cheguem ao poder, que tenham acesso aos cofres públicos, que continuem a impor suas práticas personalistas sobre o bem comum.

Neste Fêmea, você encontrará importantes e recentes discussões que têm mobilizado nossa atenção feminista. Direitos das trabalhadoras para um seguridade social inclusiva, 2 anos da Lei Maria da Penha, o veto do presidente Lula ao não contingenciamento da verba para a prevenção da violência contra as mulheres na LDO 2009, visitas para conhecer a realidade das maternidades do Estado de Pernambuco, a conquista do aborto totalmente legalizado na cidade do México são alguns temas que podem inspirar as conversas de vocês com seus candidat@s. Nos comícios, nas entrevistas, no corpo-a-corpo, nos programas de televisão e rádio, aproveitem para dirigir perguntas centrais aos candidat@s. "O senhor manterá e incrementará o serviço de aborto legal no nosso município?"; "O que a senhora pretende fazer para extinguir a violência doméstica na cidade?"; "Como a senhora candidata garantirá que os recursos de nosso município serão utilizados para os seus fins originais e como tornará as contas acessíveis a qualquer cidad@?"; "O senhor montará um gabinete equitativo, com número idêntico de mulheres e homens, de negros e brancos, de jovens e adultos maduros?"; "Qual o lugar que os movimentos sociais terão no governo da senhora?" etc. etc. Estas são apenas algumas de muitas perguntas que podem ser feitas durante as campanhas eleitorais de 2008. Precisamos saber quem são estas pessoas para podermos escolher quem, realmente, merece nosso voto, pois o exercício da cidadania requer uma opção consciente do voto e uma dedicação no acompanhamento dos mandatos dos eleitos. Esse é um trabalho incessante, mas contribui para o alcance da equidade de tratamento e a concretização de direitos da população não atendida, permitindo, assim, o real desenvolvimento social do Brasil.


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