Quase lá: Editorial

Ano novo. Governo novo. Parlamento renovado. Nova Secretaria de Políticas para as Mulheres. Mais um Fórum Social Mundial. Que esses novos se traduzam em mudanças sociais, em alterações nas relações e correlações de poder favorecendo as perspectivas democráticas e de justiça social e os segmentos socialmente excluídos, discriminados, marginalizados e oprimidos, entre os quais destacamos as mulheres e @s negr@s.

No Congresso Nacional, a Bancada Feminina foi ampliada relativamente à última Legislatura. Serão 42 Deputadas Federais e 10 Senadoras - sendo 25 deputadas e 7 senadoras de primeiro mandato - que poderão realizar um trabalho expressivo em relação aos direitos das mulheres e à igualdade de gênero.

Algumas mulheres adentraram o seleto time do primeiro escalão de Governo com a indicação presidencial para assumirem expressivas posições de poder: Benedita da Silva - Ministra da Assistência e Promoção Social; Dilma Roussef - Ministra de Minas e Energia; Marina Silva - Ministra do Meio Ambiente; e, por fim, Emília Fernandes - Secretária Especial de Políticas para a Mulher. Pela primeira vez na história do Brasil, temos 4 mulheres na linha de frente da definição dos rumos do país (formada por 34 cargos). Se por um lado este é um grande feito do Governo Luiz Inácio Lula da Silva, merecendo destaque e valorização, por outro, é mister reconhecer que a participação feminina nos principais postos de decisão ainda é muito pequena e pode ser ampliada. Mulheres também deverão ocupar expressivas posições nos segundo e terceiro escalões e este mapeamento é da maior importância para analisarmos a expressão das mulheres na esfera da política e do poder.

A questão da presença das mulheres nos espaços de poder abre a possibilidade de pensarmos que tão importante quanto esta presença é a afirmação da perspectiva da igualdade e da democracia de gênero, perspectiva esta que precisa ser incorporada em todas as políticas públicas e inserida nas estruturas e instâncias governamentais. Neste sentido, a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher têm um imenso desafio pela frente.

A meta de construir a transversalidade de gênero nas políticas públicas por sua vez se faz acompanhar da necessidade de uma vontade política de garantir recursos no Orçamento da União para a implementação de programas e projetos que promovam mudanças no cotidiano das mulheres, favorecendo o desenvolvimento de relações igualitárias entre mulheres e homens, a superação das desigualdades e a eliminação de todos os tipos de discriminação, e a cidadania de todas as mulheres em nosso país. Nesse sentido, é fundamental garantir que a perspectiva de gênero seja incluída no PPA - Plano Plurianual, a ser elaborado neste ano para vigorar nos próximos 4 anos, 2004-2007.

Todas essas preocupações são compartilhadas com inúmeras companheiras e companheiros que estarão presentes no III Fórum Social Mundial, dizendo que um outro mundo é possível, de paz, igualdade, diversidade, liberdade e democracia. O Brasil inaugura um novo tempo político e de certo dará uma contribuição substantiva para a construção desse novo mundo.


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