Quase lá: Congresso Nacional terá poucas mudanças

Senado Federal e Câmara dos Deputados deverão ter um índice de renovação menor do que em anos anteriores

Após as eleições de outubro, a composição do Congresso Nacional não terá sofrido um grande índice de renovação. O novo quadro partidário ainda será caracterizado pelo equilíbrio na representação dos três maiores partidos da Câmara: PFL, PSDB e PMDB. Entre os partidos de esquerda, deverá prosseguir a hegemonia do PT. É o que prevê o estudo feito pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos), sobre o próximo quadro parlamentar.

O trabalho revela os nomes d@s prováveis eleit@s para a Câmara e o Senado; define a correlação de forças partidárias nas duas Casas e, a partir daí, traça o perfil do novo Congresso. No Senado, o PMDB deverá manter a posição de maior partido. A renovação da Câmara deverá ser a menor das últimas eleições - entre 35% e 40%, interrompendo, assim, uma seqüência de renovações em torno dos 50%, observada desde o pleito que escolheu @s deputad@s constituintes, em 1986.

Entre @s que ocupam as cadeiras da Câmara, 102 deputad@s não estão disputando a reeleição. Desse total, 34 são candidat@s ao Senado, 14 ao cargo de governador/a, 10 a deputad@ estadual e 28 não estão se candidatando a um próximo mandato. Alguns alegam a falta de recursos para a realização da Campanha.

Há, também, aquel@s que estão afastando-se da vida política porque acham que já cumpriram seu papel. É o caso da deputada Esther Grossi (PT/RS), que durante duas legislaturas trabalhou principalmente na elaboração e aprovação de leis relacionadas à área da educação e aos direitos da mulher. "Eu creio que prestei meu apoio com projetos importantes como o que prevê que a alfabetização de mulheres adultas seja feita por professores e não por leigos", diz a deputada. Esther Grossi ressalta que o grau de instrução das mães reflete-se diretamente na educação das crianças.

A reeleição foi a opção da maioria das deputadas. Entre as que integram a atual legislatura, 23 pretendem continuar atuando no Congresso Nacional. A deputada Ieda Crucius (PSDB/RS) considera muito importante um novo mandato. "Pretendo continuar defendendo a estabilidade econômica e avançar na aprovação de leis que promovam a universalização do acesso das pessoas a seus direitos sociais e políticos", justifica a deputada.

Nesta eleição, oito deputadas optaram por disputar outros cargos. Rita Camata (PMDB) é candidata à vice-presidência; Maria Elvira (PMDB), candidata a vice-governadora de Minas; Elcione Barbalho (PMDB) disputa o cargo de senadora, pelo Pará; Lúcia Vânia (PSDB), a senadora, por Goiás; Marisa Serrano (PSDB), a senadora por Mato Grosso do Sul; Maria Abadia (PSDB), a vice-governadora do Distrito Federal; Ana Catarina (PMDB), a deputada estadual, no Rio Grande do Norte; e Fátima Pelaes (PSDB) concorre ao governo do Amapá. Segundo a deputada, desempenhar o cargo de governadora em seu Estado será fundamental para que as políticas públicas que beneficiam a mulher sejam dinamizadas, na região, como parte de um amplo programa de governo. "Aprendendo a legislar, agora aplicaremos devidamente os benefícios disponíveis", explica Fátima Pelaes.

De acordo com o estudo feito pelo Inesc, proporcionalmente a repre-sentação das mulheres tende a crescer mais no Senado, aumentando de 5 para 7 a 11 integrantes. Se eleita, a senadora Emília Fernandes (PT/RS) pretende priorizar, em seu segundo mandato, discussões importantes em relação à nova conjuntura do Brasil. "Persistiremos na questão da Alca, desmascarando sua perversidade em relação aos interesses do desenvolvimento brasileiro. Discutiremos o Pacto Federativo para trabalhar a questão dos estados e municípios que merecem tratamento igualitário por parte da União. Temos que construir uma reforma tributária, fazer uma grande discussão sobre os partidos políticos e não podemos nos esquecer da questão da presença da mulher nos espaços de poder, uma pauta cada vez mais desafiadora", esclarece a senadora.

Desafios

As dificuldades para que as mulheres brasileiras desempenhem cargos e funções político-partidárias ainda são muitas. Em termos legais, as cotas - que representam um espaço às mulheres assegurado em lei - não foram atingidas. Também há resistências por parte dos partidos, na promoção da participação feminina. Além disso, muitas vezes existem questionamentos por parte das próprias mulheres, que preferem as disputas estaduais, pois quando a vida política acontece fora do Estado de origem, elas enfrentam o desafio de conciliar os compromissos profis-sionais com a rotina pessoal.

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), a opção pela vida pública não é fácil para a mulher: "a realidade que nos impõe a dupla e até a tripla jornada faz com que muitas não tenham condições nem de pensar numa carreira profissional, quanto mais exercer uma função pública que, muitas vezes, as obriga a ficar longe do convívio familiar. Tal fato acaba fazendo com que tenham, na maioria das vezes, que escolher entre a família e a carreira, o que não é uma decisão fácil".


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