Em Teófilo Otoni, ex-presidente alfineta Romeu Zema: “fingia não ter candidato a presidente porque sabia que 40% dos meus eleitores votaram nele”
Publicado 21/10/2022 - 14h33
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez caminhada na cidade de Teófilo Otoni, na região do Vale do Mucuri (MG), ao lado da deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) e da senadora Simone Tebet (MDB-MS), nesta sexta-feira (21). De cima do caminhão de som, Lula alfinetou o governador mineiro Romeu Zema (Novo), que somente depois de ser reeleito em primeiro turno resolveu apoiar Jair Bolsonaro (PL).
“O governador fingia não ter candidato a presidente, porque sabia que 40% dos meus eleitores votaram nele. Ficou quietinho sem falar o nome do presidente. Agora caiu a máscara. Ele é bolsonarista. Ele vai vir aqui com Bolsonaro. Vocês precisam falar pra ele que já têm candidato”, afirmou o petista.
Ele aproveitou o desgaste que atingiu o governo após a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, na qual indicou que pretende acabar com a correção do salário mínimo até mesmo pela inflação. O governo atual nunca atualizou o salário mínimo acima das perdas inflacionárias. A nova medida atingiria as aposentadorias e pensões abaixo da inflação, diminuindo o poder de compra da população mais pobre.
“Já faz cinco anos que o salário mínimo não tem aumento real. Ontem, ele (Guedes) falou que vai desindexar, não dar mais aumento. E temos 32 milhões de brasileiros que ganham salário mínimo, dos quais 22 milhões são aposentados”, disse Lula. O candidato do PT promete isentar do Imposto de Renda os contribuintes que ganham até R$ 5 mil. Depois que ele fez a proposta, Bolsonaro decidiu propagandear que dará isenção para quem ganha até R$ 6 mil.
Salário igual para a mulher
Ontem, Lula disse no Rio de Janeiro que “o adversário é profissional da mentira”. No discurso na cidade mineira hoje, afirmou ter abraçado em seu plano de governo uma proposta de Simone Tebet. “Vamos regulamentar o que está na Constituição, que é trabalho igual, salário igual para que a mulher ganhe igual o homem se fizer a mesma função. As pessoas que podem consertar esse país são as que estão aqui em cima desse caminhão”, disse Lula.
Ele continuou na temática econômica para falar dos combustíveis. “Eu critiquei o preço da gasolina, ele baixou e agora já voltou a subir. A gente precisa de um presidente que conheça a vida do povo. Quem pode consertar o Brasil são os milhões de brasileiros que não suportam mais um presidente mentiroso.”
Ao seu lado, Marina Silva – que foi ministra do Meio Ambiente do petista – afirmou que “foi no seu governo que conseguimos reduzir o desmatamento da Amazônia”. A deputada eleita pediu à multidão que “se mantenham em estado permanente de mobilização”.
“Bolsonaro não vai botar o Brasil de joelhos”
Com a deputada eleita Marina Silva e a senadora Simone Tebet
“Bolsonaro não conhece a força do povo. Nós vamos mostrar pra ele (Bolsonaro) que no dia 30 chegou a hora da onça beber água. Bolsonaro não vai botar o Brasil de joelhos, não vai fazer o Brasil ficar dividido. A gente tá vendo desunião até dentro da igreja. Basta! Lula presidente em legítima defesa da democracia”, continuou Marina.
Em seguida, Simone Tebet pegou o microfone. “Estou pronta pra junto com vocês tirar da presidência da República esse presidente desumano, não respeita as famílias e virou as costas pro Brasil no momento em que o povo mais precisou, e negou a vacina (contra a covid-19). Ele não respeita as mulheres, não respeita as famílias. Estou apoiando Lula pra que o Brasil volte a ser generoso, inclusivo”.
Agenda
A agenda de Lula intensifica nesses dias a campanha no Sudeste, região onde Bolsonaro aumentou a diferença sobre ele de quatro para sete pontos percentuais, segundo a última pesquisa do Datafolha. Depois de Teófilo Otoni, a campanha lulista passa na tarde de hoje por Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira.
No sábado (22), a caminhada será entre Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, a partir do bairro de Venda Nova, na capital mineira, até Justinópolis, na Grande BH.