MARCHA DAS VADIAS - 2011

A Marcha das Vadias foi inventada em 2011 na cidade de Toronto, Canadá. Havia uma onda de estupros no campus de uma universidade e um policial, ao palestrar para estudantes, sugeriu como medida protetiva que as meninas não se vestissem como “vadias”. Foi o que bastou para que um grupo mobilizasse um protesto que teve grande repercussão pelas redes sociais e pela mídia convencional mundial. Imediatamente feministas de outros países realizaram protestos semelhantes e a Marcha das Vadias se converteu em uma vertente do movimento contra o machismo, pelo fim da violência sexual e pelo fim da culpabilização das vítimas.

As Marchas das Vadias em várias cidades do mundo se adaptaram a realidades locais, tendo em comum a irreverência na comunicação com a sociedade para afirmar que o corpo não é um insulto, ou tampouco um convite à violação.

No Brasil não foi diferente. A agenda das Marchas das Vadias tem sido levada às ruas anualmente, em várias cidades e reunindo pessoas de diversas idades, etnias, origens sociais, identidades de gênero, orientações sexuais e inserções políticas. Em foco, o fim da violência sexual contra mulheres, mas também temas da agenda dos direitos humanos, dos direitos sexuais e reprodutivos - inclusive o direito ao aborto - a luta pela não discriminação - racial ou de qualquer espécie - e temas candentes da conjuntura política nacional, como a reivindicação pela reforma política.

Em julho de 2013 a Marcha das Vadias do Rio de Janeiro foi marcada para coincidir com a visita do Papa Francisco ao país, enfatizando a palavra de ordem de defesa do Estado Laico, por políticas públicas sem influência religiosa, pelo respeito à pluralidade e liberdade de crença, de consciência e de religião. Outro marco importante no Brasil é que a Marcha das Vadias levantou o debate sobre os padrões culturais que perpetuam o ódio e agressões impunes contra pessoas consideradas “fora desses padrões”. Tivemos aqui edições das Marchas das Vadias povoadas por transexuais, transgêneros e pessoas queer (termo entendido aqui como pessoas que não se identificam com as formas usuais de identidade e orientação sexual), provocando uma revolução neste cenário de conflitos, e de busca por laços de solidariedade e estratégias de autodefesa e segurança.