4º ENCONTRO DA ARTICULAÇÃO NACIONAL DE MULHERES TRABALHADORAS RURAIS/ ANMTR – 1999

O intervalo entre 1995 (ano do primeiro encontro) e 1999 foi de intensa atividade para a Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais (ANMTR) tendo, como pano de fundo, duas discussões cruciais: sobre gênero e classe e sobre os prejuízos econômicos e sociais enfrentados no contexto da adesão ao neoliberalismo feita pelos governos Collor e FHC.

O 4º Encontro aconteceu em Goiânia (GO), entre 01 e 05 de fevereiro, e teve a participação de 70 delegadas de 22 Estados representando diversos movimentos rurais, além de convidadas de países vizinhos como Chile, Paraguai e Argentina. O tema central foi “Unidas contra o neoliberalismo por Pão, Justiça e Igualdade”. Foram aprovadas como bandeiras de luta o rompimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em defesa da soberania nacional, o não pagamento da dívida externa, a garantia de emprego para todos e todas, a moratória das prestações de aluguel, água e luz para os desempregados e a urgência da reforma agrária.

As trabalhadoras decidiram também dar continuidade à luta pela saúde da mulher e pelo combate à violência no campo, à campanha de documentação para as trabalhadoras rurais e à articulação com movimentos de mulheres rurais da América Latina.

Outro consenso foi o de aprofundar a articulação com outros movimentos sociais, em particular através da Consulta Popular, uma inciativa nascida em 1997 que tem o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como membro importante. A Consulta Popular rompe com a lógica da centralidade na luta eleitoral e busca contribuir, a partir dos “ensinamentos revolucionários da classe trabalhadora”, para a construção de um projeto popular de transformação da sociedade.

Alguns meses depois do 4º Encontro, em outubro de 1999, a ANMTR distribuiu a Cartilha “Mulheres Gerando Vida, Construindo um Novo Brasil”, sobre sua trajetória de luta. O documento reforça a orientação para unificar o dia 12 de agosto como “Dia Nacional de Luta das Mulheres contra a Violência no Campo e pela Reforma Agrária” e traz recomendações para a realização do 1° Acampamento Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, que aconteceria em Brasília, em março de 2000.